20 anos depois: A oposição mira o possível “cansaço” do eleitor em 2026, mas Salvador exige vigilância total; Veja o comentário da articulista política, Fernanda Dourado
Em 2006, a Bahia presenciou uma das maiores viradas políticas de sua história: o carlismo, hegemonia de duas décadas liderada por Antônio Carlos Magalhães, caiu com a vitória de Jaques Wagner (PT) ainda no primeiro turno, eleito governador do estado. Vinte anos depois, a oposição baiana acredita que pode repetir o feito, mas agora invertendo os papéis: o alvo é o PT, no poder desde aquela eleição simbólica. E mais uma vez, o “cansaço” do eleitorado é a aposta.
Deputados estaduais e articuladores próximos de ACM Neto (União Brasil) garantem que há uma “onda de insatisfação silenciosa” crescendo, principalmente entre eleitores urbanos e jovens. “A história se repete. São os mesmos rostos, o mesmo discurso há 20 anos. A Bahia precisa de renovação”, disse um deputado oposicionista. O discurso é claro: assim como o carlismo caiu após 20 anos, o petismo pode enfrentar o mesmo destino em 2026.
O trunfo e o tropeço: Bruno Reis
Mas há um ponto de atenção que ninguém dentro da oposição ignora: o papel estratégico de Salvador. Em 2022, ACM Neto venceu com ampla margem na capital, mas só após um susto no primeiro turno — atribuído ao que chamo de “cochilo” do prefeito Bruno Reis, aliado de primeira hora e coordenador informal da campanha na cidade.
Números que falam
No primeiro turno, Neto teve 783.749 votos em Salvador, com 52,79% dos válidos. Um número expressivo, mas ainda abaixo da expectativa da campanha. Jerônimo Rodrigues (PT), conseguiu 547.531 votos (36,88%) na capital — muito acima do previsto.
A virada de chave veio no segundo turno, quando Bruno Reis “acordou”. Salvador foi intensamente trabalhada, com mobilizações diárias e reforço em redes e bases comunitárias. O resultado? Neto saltou para 1.013.094 votos na capital (64,51%), enquanto Jerônimo caiu para 557.418 (35,49%).
Diferença de votos no segundo turno:
ACM Neto: 1.013.094
Jerônimo Rodrigues: 557.418
Diferença: +455.676 votos para Neto
Esse salto de quase 230 mil votos a mais de Neto entre os dois turnos em Salvador evidencia o poder da capital – e também como o engajamento (ou a falta dele) da prefeitura impacta diretamente os resultados. “Bruno não pode cochilar de novo em 2026. Ele precisa entrar em campo desde o primeiro minuto”, disse um ex-secretário municipal ouvido sob reserva.
2026: Salvador é a chave
Com o PT no poder estadual há quase 20 anos, a oposição se prepara para uma eleição de ruptura. Mas para isso, não bastam discursos ou comparações históricas. É necessário repetir – e melhorar – o desempenho em Salvador. A vantagem da oposição, em tese, é a máquina municipal comandada por Bruno Reis, que foi reeleito em 2024 com tranquilidade no primeiro turno. A desvantagem é a letargia demonstrada em momentos cruciais.
“Vamos trabalhar dia e noite em Salvador”, prometeu um deputado aliado. O plano é claro: consolidar o eleitorado de Neto na capital, reduzir a vantagem do PT no interior, e converter o cansaço da população em votos. Mas 2026 não será uma simples repetição de 2006. O carlismo caiu porque perdeu a conexão com o povo, esgotou seu discurso e foi surpreendido por uma mobilização silenciosa. Já o petismo, mesmo após duas décadas no poder, ainda mantém forte presença no interior, bases populares sólidas e uma narrativa social que resiste ao tempo. Por isso, analistas alertam: a oposição só terá chances reais se apresentar mais do que críticas. Será preciso organização, novas ideias, unidade política e — acima de tudo — vigilância total desde o primeiro turno. Salvador será o termômetro. Se o cansaço virar voto e a oposição conseguir romper com a zona de conforto, o ciclo pode, sim, se encerrar. Mas se repetir os erros de 2022, o PT mostrará que não basta haver desgaste — é preciso ter força e preparo para vencê-lo. Em 2026, ou a oposição assume o protagonismo desde o apito inicial… ou assistirá, mais uma vez, o PT levantar a taça.
Fernanda Dourado é editora-chefe do site Bahia Repórter, consultora e especialista em política, há mais de 20 anos. A jornalista é apresentadora e repórter da TV ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia – onde apresenta programas políticos desde a fundação da emissora. Escreve neste espaço às quartas-feiras; Instagram e TikTok: @fernandadouradoreporter
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