A Caixa Cultural Salvador promove, até 19 de junho, a exposição Barroco Sertanejo, mostra individual do artista cearense Stênio Burgos, com curadoria de Denise Mattar. A mostra abriu a programação da Caixa Cultural São Paulo, em janeiro, e segue em itinerância na Caixa Cultural Salvador e, a seguir, nas unidades da Caixa Cultural de Recife e Fortaleza.
O título da exposição Barroco
Sertanejo surgiu de uma conversa entre o artista e a curadora, e é uma síntese
precisa da dualidade de Burgos, criado entre o calor da baianidade de sua mãe e
a severidade do sertão cearense de seu pai. Nas palavras de Mattar: “Seu trabalho
reúne o risco duro e a exuberância cromática, a economia do traço e a profusão da
tinta, a contenção e o excesso.”
Embora apresente majoritariamente
obras realizadas entre 2020 e 2021, a exposição se reveste de um caráter
retrospectivo, pois alinha em conjuntos, as principais pesquisas do artista.
Assim, podem ser vistas suas paisagens de 2003 a 2021, elaboradas através de
uma pintura-desenho delineada em traços rápidos e vigorosos, construídos com
espessa materialidade. São riscos e rabiscos saídos do tubo de tinta, que se
projetam sobre o fundo criando uma espécie de baixo-relevo, dando à paisagem dinamismo
e leveza.
Outra vertente de sua produção é a
pesquisa sobre a linguagem da cor, que resulta em intrigantes escalas
cromáticas, quase instalações, constituídas por conjuntos de pequenas pinturas,
ou grandes painéis de tecido, formando graduações colorísticas precisas, ou
acasos que se transformam em constelações.
A forte influência da Holanda, país no
qual Stênio morou por longos períodos entre 2004 e 2019, também se faz presente
na mostra, através do desafio que o artista fez para si mesmo de pintar buquês de
flores da estação, um a cada semana, mês a mês. A pesquisa se transformou numa
constante de sua produção e, aos buquês, acrescenta com frequência os símbolos
de fé da nossa gente: imagens devocionais e santos protetores, Jesus e Maria,
São Jorge e Iemanjá, deuses ibéricos e africanos. Uma mistura improvável do
sincretismo brasileiro e o colorido floral europeu, com traços de nostalgia e
lirismo.
A exposição se encerra com as Cartas do Confinamento, produzidas em
2020, quando Stênio se isolou na sua casa, na praia de Amontada. Um forte momento
de reflexão sobre a solidão e a finitude humanas, que podem ser vistas nas
séries: A Invenção da Solidão e Ensaio sobre a Cegueira, e também no
painel Odisseia, uma grande pintura in progress, que se renova
continuamente.
Entrada Franca :: Terça a domingo, das 9 às 18h :: (71) 3421-4200