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Política

De Duda Mendonça a Sidônio Palmeira: Como baianos usaram a estratégia da “vacina” para combater fake news nas campanhas de Lula l; Veja o comentário da articulista política da Tribuna da Bahia, Fernanda Dourado

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Na minha primeira aula de pós-graduação em Marketing Político e Pesquisa Eleitoral, tive a honra de assistir a uma palestra de Duda Mendonça, um dos maiores nomes da comunicação política brasileira e, como eu, baiana. Duda, que faleceu em 2021, foi ex-marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT) e se tornou conhecido nacionalmente por ser o publicitário por trás da primeira campanha eleitoral vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 2002. Naquela aula, Duda fez uma reflexão que se mantém extremamente relevante: a importância da antecipação na comunicação. Para ele, antes mesmo de a oposição ou os adversários falarem algo, é fundamental se antecipar, ou seja, “vacinar” ao explicar uma situação e mostrar os benefícios de uma ação ou política. Na época, o conceito de fake news ainda não existia como o conhecemos, mas o espírito da fala de Duda já se alinhava com o que viria a ser um dos maiores desafios na comunicação política: a desinformação.

Duda Mendonça, em uma fala que ecoa até os dias de hoje, destacou que, quando fazemos algo de bom para uma pessoa, ela tende a espalhar isso para poucas pessoas. No entanto, quando cometemos um erro, ele se espalha rapidamente, multiplicando-se em escala exponencial. Essa percepção, que pode parecer intuitiva, é, na verdade, uma das bases para o entendimento da comunicação política e do seu impacto na formação da opinião pública. A comunicação precisa ser estratégica, clara e verdadeira, para que as boas ações não sejam abafadas por falhas que, muitas vezes, podem ser distorcidas ou manipuladas.

O governo, ao perceber a importância dessa dinâmica, finalmente acorda para o papel essencial da comunicação em tempos modernos. Este despertar chega em um momento crítico, quando a desinformação e as fake news se tornaram um dos maiores obstáculos para a construção de uma sociedade informada e consciente. A notícia falsa, ou a distorção da realidade, não só prejudica a imagem de governantes, mas também compromete a democracia, criando confusão e polarização, minando a confiança da população nas instituições.

Sidônio Palmeira, o novo Ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), assumiu recentemente a pasta e, em sua posse, declarou que a desinformação é o “grande mal da humanidade”. Ele usou como exemplo as notícias falsas recentes sobre a cobrança de impostos sobre transações por PIX, explicando que o governo realizará uma campanha para esclarecer que não há base constitucional para essa cobrança. A declaração de Sidônio reflete seu compromisso em enfrentar a desinformação e assegurar uma comunicação mais transparente e eficaz.

Sidônio Palmeira, assim como Duda Mendonça, tem uma carreira consolidada como publicitário e é amplamente reconhecido nos bastidores políticos. Com vasta experiência, ele já atuou como presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP) e foi presidente do Sindicato das Agências de Propaganda da Bahia. Recentemente, Sidônio liderou a campanha de 2022, que elegeu Lula para seu terceiro mandato. Nesse contexto, é possível traçar um paralelo entre ele e Duda Mendonça, que também foi fundamental na campanha de 2002, quando Lula conquistou sua primeira vitória. Ambos têm uma visão estratégica e a habilidade de conduzir campanhas em tempos de alta polarização e de ataques de desinformação, especialmente nas redes sociais.

Vale lembrar que, historicamente, a direita sempre teve uma grande força nas redes sociais, usando plataformas digitais de forma agressiva e eficaz. O PT, por sua vez, melhorou sua presença nas redes em 2022, em grande parte devido à participação do deputado federal André Janones, que se destacou por sua atuação nas redes sociais, desmentindo fake news e combatendo narrativas falsas. A combinação da experiência de Sidônio Palmeira e a expertise de Janones nas redes ajudou a fortalecer a comunicação do partido e a enfrentar as mentiras disseminadas por adversários.

Sidônio Palmeira, com sua competência reconhecida, compreende, como Duda Mendonça já havia ressaltado, que a comunicação deve ser trabalhada com antecedência, de forma cuidadosa e planejada, para que o governo possa combater, de maneira eficaz, as notícias falsas que tomam conta das redes sociais e das plataformas digitais. Ele tem a habilidade de antecipar as situações, mostrando o lado positivo de cada política e desafiando qualquer tentativa de manipulação ou desinformação.

A principal tarefa do governo, agora, deve ser justamente combater as fake news. A desinformação não é apenas um problema ético, mas também um grande desafio logístico e político. As informações erradas se espalham rapidamente e podem gerar consequências desastrosas para a gestão pública, para a imagem do governo e para a confiança que a população deposita nas instituições. Por isso, a missão de combater as fake news deve ser encarada não como um simples jogo de imagem, mas como uma responsabilidade fundamental para a preservação da democracia e do bem-estar social.

Diante desse cenário, a estratégia de comunicação do governo precisa ser mais proativa, educando a população sobre os perigos da desinformação e criando canais transparentes e eficazes de divulgação da verdade. Ao adotar uma postura de antecipação, como Duda Mendonça bem orientou, o governo pode não apenas minimizar os efeitos das notícias falsas, mas também fortalecer a confiança pública, promovendo uma comunicação mais verdadeira e eficaz.

Em resumo, o momento é de reflexão e ação. A comunicação é uma poderosa ferramenta de gestão e de vínculo com a sociedade, e o governo, ao entender sua importância, tem a responsabilidade de usar essa ferramenta para combater as fake news e fortalecer a confiança pública. Sidônio Palmeira, com sua visão estratégica e sua reputação sólida no meio político, tem tudo para conduzir essa missão de forma exemplar, garantindo que a verdade prevaleça e que a sociedade se una em torno de informações claras e precisas.

Fernanda Dourado é editora-chefe do site Bahia Repórter, consultora e especialista em política, há mais de 20 anos. A jornalista é apresentadora e repórter da TV ALBA  – Assembleia Legislativa da Bahia – onde apresenta programas políticos desde a fundação da emissora.  Escreve neste espaço às quartas-feiras; Instagram e TikTok: @fernandadouradoreporter

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Deputado Ricardo Rodrigues (PSD) nega candidatura à Câmara Federal e reforça compromisso com mandato estadual

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O deputado estadual Ricardo Rodrigues (PSD) negou ao Bahia Repórter os rumores sobre uma possível candidatura à Câmara Federal nas próximas eleições. Em resposta às especulações, o parlamentar reafirmou seu compromisso com o mandato atual e descartou qualquer intenção de disputar outro cargo.

“Estou totalmente focado no trabalho como deputado estadual e cumprirei integralmente meu compromisso com a população. O momento é de continuar atuando em prol do nosso estado e representando os cidadãos na Assembleia Legislativa”, declarou Rodrigues.

O parlamentar segue desenvolvendo seu trabalho na Casa, com foco em projetos e ações voltadas para o desenvolvimento do estado e a melhoria da qualidade de vida da população.

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Lula chama marqueteiro para fazer gestão Nísia decolar às vésperas de reforma ministerial

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Em dois dias nesta semana, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi chamada ao gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Com a reforma ministerial à vista, o nome de Nísia passou a frequentar a lista das opções de troca no governo. Ao que tudo indica, porém, Lula manterá a ministra no cargo e prepara uma nova ofensiva na comunicação da pasta.

Nas reuniões de terça e de quinta-feira, o presidente e Nísia se debruçaram sobre as principais dificuldades do ministério em termos de gestão e publicidade. A Casa Civil fará agora um monitoramento mais efetivo das ações na Saúde e estabelecerá metas, com prazos para resultados.

No Planalto, a avaliação é de que o ministério com o terceiro maior orçamento da Esplanada (R$ 239,7 bilhões) – apenas atrás de Previdência e Desenvolvimento e Assistência Social –, deveria ter mais entregas e mostrar iniciativas de peso da gestão Lula 3. O pedido do presidente é para que a Saúde tenha uma “marca”, a exemplo do que ocorreu em seus outros dois mandatos com programas como o Farmácia Popular.

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Alvo da Meta, checagem tem limitações, mas é importante contra fake news, dizem estudos

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A checagem de fatos, no centro da controvérsia sobre as novas política da Meta anunciadas por Mark Zuckerberg, tem limitações, mas é importante contra a desinformação, indicam pesquisas realizadas em diferentes países do mundo.

O tema veio à tona após o empresário comunicar o fim do programa de verificação de fatos com agências parceiras nas plataformas da Meta, que detém Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. A big tech irá migrar para um modelo em que os próprios usuários deixam notas no conteúdo desinformativo.

Segundo manifestação enviada pela empresa ao governo brasileiro, a medida começará a ser aplicada nos EUA e depois, eventualmente, será ampliada a outros países.

Ela foi adotada em meio ao alinhamento de Zuckeberg ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sob o argumento de evitar erros e proteger a liberdade de expressão.

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