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Política

Do inimigo ao aliado: Intrigante reaproximação de ACM Neto e João Roma para 2026; Veja o comentário da articulista política da Tribuna da Bahia, Fernanda Dourado

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A reaproximação entre ACM Neto e João Roma é, sem dúvida, um dos episódios mais intrigantes da política baiana. A relação entre eles, que já foi marcada por uma amizade sólida e duradoura, virou um campo de batalha política, recheado de ataques pessoais e estratégicos, mas agora se transforma novamente em um ponto de articulação – tudo por conta de alianças eleitorais já para 2026.
Neto e Roma, até 2021, eram mais do que amigos, eram compadres.

Os dois eram unha e carne, a ponto de Neto ser padrinho do filho de Roma. Mas a amizade foi abalada após Roma ter aceitado virar Ministro da Cidadania, no governo do ex-presidente Bolsonaro – o qual Neto, obviamente, jamais queria ser associado no estado de Bahia por conta da rejeição do ex-presidente no estado baiano e, também, pela aprovação do atual presidente Lula – na Bahia -quarto maior colégio eleitoral do Brasil.


Mas, como muitas histórias de amizade na política, a de Neto e Roma se desfez de maneira abrupta, quando Roma resolveu, sim, contrariando Neto aceitar o convite para ser Ministro da Cidadania, em 2021. E Roma não parou por aí. Durante a eleição de 2022, Roma se lançou como candidato ao governo da Bahia, numa movimentação que pegou Neto de surpresa e abalou profundamente os alicerces da relação entre eles.

Ao assumir a candidatura, Roma não só se posicionou politicamente contra Neto, mas também, em alguns momentos, levou questões pessoais para o debate público – desestabilizando Neto – um excelente orador, mas que se mostrou perdido no debate televisivo da TV Bahia – quando Roma falou de questões pessoais e, inclusive, ambos jogando lenha na fogueira de uma rivalidade que parecia não ter volta. Roma foi terceiro colocado nas eleições para o governo da Bahia, com 738.311 votos, o que representou 9,08% da votação do primeiro turno.

A votação dele no primeiro turno, claro, atrapalhou bastante a vida de Neto politicamente! Neto não quer que ver a mesma cena acontecer em 2026 e, por isso, já se aproxima de Roma. Ou seja, Neto tem como meta neutralizar João Roma. Ou seja, fazer o mesmo que o prefeito e o articulador político Bruno Reis fez ao conseguir o apoio do PL.
Roma, com seu apoio explícito ao então presidente Jair Bolsonaro, acabou tirando votos dos bolsonaristas que apoiavam Neto, que também era um candidato de direita.

Muitos até viam a situação como uma irreversível rixa política, onde a possibilidade de reconciliação parecia um horizonte distante.
Entretanto, a política tem a capacidade de transformar inimigos em aliados – ou, no mínimo, forçar os envolvidos a sentarem à mesma mesa. E foi exatamente isso que aconteceu. O que parecia uma separação definitiva virou, aos poucos, um caminho para uma nova aliança. A princípio, parecia impensável: Neto e Roma, de aliados a inimigos, mas em 2024 estiveram no  mesmo palanque unidos pelo mesmo propósito político: a reeleição de Bruno Reis.


Aí é onde entra a habilidade política de Bruno Reis, que sempre foi reconhecida pelos seus aliados como “aguda”, foi o ingrediente essencial para essa reconciliação. O prefeito de Salvador soube exatamente como transformar um cenário adverso em uma vantagem. Ao atrair o PL de Roma para sua base, Bruno não só fortaleceu sua posição para as eleições de 2024, mas também tirou um possível adversário do caminho e conseguiu, também, não ter sua imagem  abalada por conta de ter conseguido apoio de um bolsonarista. Nesse tabuleiro político, o que parecia em 2022 ser um empecilho para Neto para ele, na verdade, se transforma em uma possibilidade para Neto atrair o PL em 2026 para sua campanha.


O PL é um partido forte e que tem o maior fundo partidário e, também, o maior tempo de televisão. Roma já declarou que será candidato a deputado federal em 2026 e, obviamente, tem, sim, interesse em se aliar ACM Neto – que apesar de não ter sido eleito governador da Bahia, obteve uma votação expressiva no estado Bahia e pode, claro, dividir seus apoios a diversos legisladores federais e candidatos, inclusive, João Roma, que em 2022 foi o principal obstáculo à candidatura de Neto, mas que não deu trabalho a Bruno.


Como Roma mesmo disse, ao dividir o palanque com Neto nas eleições de 2024, por conta do apoio a Bruno, “uma régua foi passada nesta história”, indicando que as divergências pessoais ficaram para trás em nome de uma nova luta política. A ironia disso tudo é que a política, com sua natureza volúvel e, por vezes, impiedosa, fez com que Roma e Neto se unissem – pelo menos enquanto aliados eleitorais.


Essa história de reaproximação não é apenas sobre duas figuras políticas, mas sobre a essência da política em si: o pragmatismo. A política, mais do que qualquer outra esfera da vida, exige que velhas alianças sejam reavaliadas e, se necessário, reconfiguradas. O que era uma amizade de 20 anos se transformou em um impasse, mas também, com o tempo, se reconstruiu sob novas bases. No fundo, tanto Neto quanto Roma sabem que, no jogo eleitoral, a verdadeira amizade muitas vezes cede espaço à conveniência política.


O mais intrigante dessa história é o quanto as questões pessoais e ideológicas podem ser deixadas de lado quando se trata de poder. O que parecia irreparável – a quebra de uma amizade que durou mais de duas décadas – se refaz diante de um interesse maior: o jogo político. Na política, os laços pessoais podem ser dilacerados, mas a sede de poder sempre encontra formas de reatar relações, seja por pragmatismo, seja por necessidade estratégica.


Eles podem até não voltar a ser amigos como antes, mas, no fim das contas, quem precisa de amizade quando se pode conquistar poder? A política, como sempre, tem essa habilidade de transformar inimigos em aliados, em um movimento que não deixa de ser fascinante, e no caso de Neto e Roma, quase digno de um roteiro de reviravoltas.

Fernanda Dourado é Editora-Chefe do site Bahia Repórter, consultora e especialista em política, há mais de 20 anos. A jornalista é apresentadora e repórter da TV ALBA  – Assembleia Legislativa da Bahia – onde apresenta programas políticos desde a fundação da emissora.  Escreve neste espaço às quartas-feiras; Instagram e TikTok: @fernandadouradoreporter

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Política

Deputado Ricardo Rodrigues (PSD) nega candidatura à Câmara Federal e reforça compromisso com mandato estadual

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O deputado estadual Ricardo Rodrigues (PSD) negou ao Bahia Repórter os rumores sobre uma possível candidatura à Câmara Federal nas próximas eleições. Em resposta às especulações, o parlamentar reafirmou seu compromisso com o mandato atual e descartou qualquer intenção de disputar outro cargo.

“Estou totalmente focado no trabalho como deputado estadual e cumprirei integralmente meu compromisso com a população. O momento é de continuar atuando em prol do nosso estado e representando os cidadãos na Assembleia Legislativa”, declarou Rodrigues.

O parlamentar segue desenvolvendo seu trabalho na Casa, com foco em projetos e ações voltadas para o desenvolvimento do estado e a melhoria da qualidade de vida da população.

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Lula chama marqueteiro para fazer gestão Nísia decolar às vésperas de reforma ministerial

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Em dois dias nesta semana, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi chamada ao gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Com a reforma ministerial à vista, o nome de Nísia passou a frequentar a lista das opções de troca no governo. Ao que tudo indica, porém, Lula manterá a ministra no cargo e prepara uma nova ofensiva na comunicação da pasta.

Nas reuniões de terça e de quinta-feira, o presidente e Nísia se debruçaram sobre as principais dificuldades do ministério em termos de gestão e publicidade. A Casa Civil fará agora um monitoramento mais efetivo das ações na Saúde e estabelecerá metas, com prazos para resultados.

No Planalto, a avaliação é de que o ministério com o terceiro maior orçamento da Esplanada (R$ 239,7 bilhões) – apenas atrás de Previdência e Desenvolvimento e Assistência Social –, deveria ter mais entregas e mostrar iniciativas de peso da gestão Lula 3. O pedido do presidente é para que a Saúde tenha uma “marca”, a exemplo do que ocorreu em seus outros dois mandatos com programas como o Farmácia Popular.

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Política

Alvo da Meta, checagem tem limitações, mas é importante contra fake news, dizem estudos

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A checagem de fatos, no centro da controvérsia sobre as novas política da Meta anunciadas por Mark Zuckerberg, tem limitações, mas é importante contra a desinformação, indicam pesquisas realizadas em diferentes países do mundo.

O tema veio à tona após o empresário comunicar o fim do programa de verificação de fatos com agências parceiras nas plataformas da Meta, que detém Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp. A big tech irá migrar para um modelo em que os próprios usuários deixam notas no conteúdo desinformativo.

Segundo manifestação enviada pela empresa ao governo brasileiro, a medida começará a ser aplicada nos EUA e depois, eventualmente, será ampliada a outros países.

Ela foi adotada em meio ao alinhamento de Zuckeberg ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sob o argumento de evitar erros e proteger a liberdade de expressão.

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