(Por Fernanda Dourado)
Apesar da quarta-feira (27) chuvosa que tomou conta de Salvador, o clima político na primeira capital do Brasil ferveu logo cedo. O Bahia Repórter recebeu, com exclusividade, prints que mostram um santinho da deputada federal Roberta Roma, esposa do presidente do PL, João Roma, em apoio ao candidato ao governo Carlinhos Sobral, em Coronel João Sá. Na imagem, ela aparece ao lado de toda a chapa majoritária que saiu vitoriosa nas eleições de 2022. Alguns candidatos utilizam imagens dos adversários sem autorização, principalmente, no interior, – já que é preciso fazer parte da coligação partidária para utilizar imagem da chapa majoritária.
O mais curioso da imagem, que foi compartilhada com exclusividade ao nosso veículo, é a curtida da própria deputada na publicação, o que gerou um verdadeiro turbilhão nos bastidores da política baiana. Conversas reservadas revelam que essa situação causou surpresa, e até desconforto, entre aliados do PL. Alguns membros do partido falam sobre uma “perseguição interna” que está afetando os legisladores estaduais e federais da ala. Até mesmo políticos governistas se mostram perplexos com a movimentação, levantando uma série de questões inquietantes.
“Será que o partido vai pedir também a expulsão da esposa do presidente?”, questionou, indignado, um deputado, referindo-se à situação como uma “perseguição sem fundamentos”. A crise interna no PL é visível, principalmente considerando o desempenho eleitoral do partido. Apesar de contar com o maior tempo de televisão e o maior fundo partidário , o PL elegeu apenas um prefeito na Bahia nas últimas eleições. O que preocupa ainda mais, dizem os observadores, é a possibilidade de o partido reduzir ainda mais sua representação na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.
Nos corredores do Parlamento baiano, a principal pergunta que circula é: “Será que o presidente da legenda, João Roma, está tentando enfraquecer o próprio partido?” Para muitos, o questionamento é legítimo. Por que o partido não tomou medidas contra os deputados que, desde o início do mandato, se declararam abertamente favoráveis ao governo da Bahia, como Raimundinho da JR e Vitor Azevedo, que até assumiram a vice-liderança do governo na ALBA? E mais: por que a decisão de expulsar o deputado estadual Diego Castro, um fiel seguidor de Bolsonaro, que defende o ex-presidente com fervor, mesmo se colocando contra colegas de Parlamento?
Outro mistério que persiste nos bastidores é o motivo para a possível expulsão do deputado federal João Bacelar, visto que ele foi fundamental na eleição do único prefeito do partido na Bahia, Jânio Natal ( de Porto Seguro). Os questionamentos se multiplicam, e a pergunta que fica é: qual é, de fato, o plano por trás dessa verdadeira “caça às bruxas” no PL?
Segundo um político que preferiu não se identificar, a estratégia do partido parece ser reduzir sua representação a apenas um deputado federal, um estadual e um prefeito. No entanto, essa tática pode ser extremamente arriscada, pois, como afirmam os aliados de Roma, ela pode isolar ainda mais politicamente o presidente do partido. Muitos ainda não superaram o rompimento de Roma com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. Rompimentos são comuns na política, mas o fato de João Roma ter revelado questões pessoais de uma amizade de duas décadas com Neto é visto como um erro grave, algo que muitos consideram inadmissível. Além de que seria algo muito complicado Roma se aproximar do governo – já que governistas não querem associação com o nome do ex- presidente da república Bolsonaro – o qual João Roma foi ministro da cidadania além de ter o apoiado na eleição e na tentativa de reeleição.
O que se especula, e que começa a ganhar força, é que João Roma pode se ver politicamente isolado e, caso não reverta a situação, corre o risco até de não conseguir reeleger sua esposa, Roberta Roma. O que parece claro é que o jogo político no PL está longe de ser resolvido e promete surpresas nos próximos capítulos.