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Exclusivo: “Moro está pronto, eu estou pronto”, diz Mandetta ao BR sobre a especulação da possível chapa presidencial entre eles ao lembrar que a decisão depende do partido e de alianças; Sobre a candidatura de ACM Neto, elogiou: “Neto tem Salvador como cartão de visita à Bahia”

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(Por Fernanda Dourado) 

O ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, concedeu entrevista exclusiva à jornalista e editora-chefe do Bahia Repórter, Fernanda Dourado. Durante todo o bate-papo – que foi realizado no Centro de Convenções de Salvador – no dia do lançamento da candidatura ao governo do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, o ministro foi abordado por admiradores – que se aproximavam do local da entrevista  para tirar fotos e parabenizá-lo por sua gestão à frente do ministério durante a pandemia. Na conversa, Mandetta falou sobre a sua demissão – na época que tinha um amplo respaldo da população na defesa de medidas de isolamento social e, inclusive, pesquisam chegaram a apontar um alto índice de popularidade do gestor. Levantamento também no período constataram que 76,2% da população não gostaria de vê-lo fora do ministério, conforme pesquisa da consultoria Atlas Político. Neste diálogo, Mandettta falou sobre projetos políticos ao afirmar “não ter dúvidas” que a terceira ganhará a eleição presidencial. O demista – ainda falou sobre o equívoco de Luciano Bivar, presidente do PSL, ao anunciar o seu recuo a disputa ao Palácio do Planalto. O ex-ministro da saúde fez elogios ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, e, também, ao o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, e ainda comentou sobre uma possível chapa presidencial entre eles. O ex-ministro criticou o presidente da república, Jair Bolsonaro, na condução da pandemia e afirmou que Bolsonaro se aliou, segundo ele, ao que é “mais de atrasado na política”.

Bahia Repórter – Após  o presidente do PSL e futuro comandante do União Brasil, Luciano Bivar, declarar que o senhor  havia desistido da pré-candidatura à presidência, o Ministro  afirmou que ocorreu um equívoco e que seu nome continua à disposição do União Brasil ( partido em formação da fusão do DEM e PSL) à pré-candidatura à Presidência da República. Por que Bivar deu esta declaração? O que ocorreu? 

Mandetta- Nós estamos no processo de fusão ( quando você pega duas substâncias – que não estavam juntas, mas são colocadas juntas). Então, você leva um tempo para você ter um equilíbrio, ou seja, um ponto de equilíbrio. O que aconteceu foi que nós estávamos em uma reunião conversando sobre cenário nacional e eu sempre disse que estava para ajudar.. Falei acreditar que a melhor via – que chamam de  terceira via – poderá equilibrar o país. Comentei também que é preciso primeiro um ponto de partida: a decisão de quem quer ser apoiado e decidir quem apoiar. Precisamos nos dedicar: seja o candidato ao senado, ao governador, a deputado federal ou estadual, entregar santinho na rua – já que esta é a eleição mais importante da história…. Ou nós vamos cair na vala do radicalismo, seja, do lado A ou do lado B e aí será  mais confusão, mais briga – em um país que já está confuso. E  nós concluímos todo o planejamento de proposta de saúde, relações exteriores, dentre outras ações – que o então partido DEM – que agora funde com o PSL apresentará  como propostas do Democrata para a economia, para inclusão social, geração de emprego e renda. Quando eu coloquei desta maneira ele (Bivar) achou que eu não seria candidato. Mas com candidatura ou não candidatura – o mais  importante é unir, principalmente, por que os outros dois (Lula e Bolsonaro)  fazem forças todo dia para fragmentar e dividir. Vamos ver se a gente conseguir unir as pessoas em torno do que é melhor para o país. 

Bahia Repórter – Apesar de sua substituição ser ventilada desde que o senhor e o presidente da república, Bolsonaro, passaram a discordar publicamente sobre a melhor forma de enfrentar a pandemia de Covid-19, a demissão ocorreu no dia 16 de abril em meio pandemia e, também, o ministro em altíssima popularidade. Na época, sua demissão era rejeitada por 76,2% dos entrevistados, segundo pesquisa da consultoria Atlas Político – já que o senhor tinha o respaldo da população na defesa de medidas de isolamento social. Que sentimento o senhor teve na época da sua demissão? 

Mandetta – Frustração. Não era algo que eu não estivesse preparado. Pelo contrário, dediquei minha vida à saúde pública e, inclusive, já enfrentei outras epidemias. Quando fui convidado a assumir o ministério, eu falei que não queria ir para fazer o trabalho político, mas me falaram que o trabalho seria técnico. Não sei se você lembra (Fernanda Dourado).. Você  acompanhou…

se lembra do Wanderson? 

Bahia Repórter – Sim. Claro.. 

Mandetta – Ele era um dos maiores das cabeças pensantes, pós-graduado, gestor de epidemias, gabaritado. Tínhamos uma equipe muito forte e amparada nas melhores universidades do Brasil, na Fiocruz, USP, na Universidade Federal da Bahia, dentre outras. Nós tínhamos as melhores cabeças do Brasil e ligados à comunidade científica europeia e americana. Eu era o porta-voz de uma equipe enorme. Nós redimensionamos toda a rede de oxigênio, mas infelizmente depois que nos sucederam deixaram faltar oxigênio, e, jamais poderiam deixar faltar. A morte por falta de oxigênio é uma das mais cruéis. Na minha gestão, o SUS estava unido. Não havia diferença se o estado era governado por PT, DEM, PCdo B, PMDB ou qualquer outro partido. A gente não queria saber. Quando ele toma aquela decisão (demissão) ele queria que eu falasse aquela frase: “Toma cloroquina. E vá trabalhar”.  Mas eu sabia que isso mataria muita gente … aí vc coloca valores. E reflete o que tá em jogo. É Inadmissível. Uma sucessão de erros graves que culminou com os 630 mil mortos. Em uma epidemia a gente precisa de alguém que fale a verdade para que as pessoas tomem as decisões fundamentadas para proteger sua família.

Bahia Repórter – Ministro, logo após o senhor ter deixado o governo, o ex-ministro da justiça e ex-juiz, Sérgio Moro, pediu demissão, segundo ele, por discordar da exoneração de um diretor da política federal. Agora, Moro assim como o senhor surge como terceira via à presidência da república. Há possibilidade – caso o nome do senhor não seja efetivado para disputar a presidência – uma chapa encabeçada por Moro e Mandetta na vice ? 

Mandetta – Há. Se for o caminho que une,  com certeza, o Moro tá pronto, eu estou pronto. Eu converso muito com ele, a gente trabalhou junto. Conversávamos durante e pós ministério também, e, inclusive, muitas propostas foram construídas juntas. Não há dificuldade no ponto de vista eu e Moro. Agora, além disso você tem o partido, uma constelação de pessoas, equilibrar com os palanques regionais. Então, ele mostra capacidade de extração de votos, mas, também precisa de uma aliança maior. E caso este seja o caminho a gente tá pronto. Ah… tem governador de São Paulo – que venceu as prévias – mas nada muda ali. O caminho não será muito longe destas três pessoas (Lula, Bolsonaro e Dória). Temos MDB que começou a falar agora do nome de Simone – que conheço também. Olha… Espero que até final de janeiro tudo já esteja decidido.

Bahia Repórter- O senhor acredita que a terceira via pode ganhar a eleição? Acredita na terceira via? 

Mandetta – Ela vai acontecer e vai ganhar a eleição! Não tenho dúvida nenhuma. É matemático. Quando você pega Lula lá na frente e depois Bolsonaro, mas lembra que 54% não quer votar em nenhum dos dois…. Sendo que Bolsonaro tá caindo e vai cair ainda mais… Além de não se sustentar tecnicamente, politicamente ele se aliou ao que há de mais atrasado dentro da política, e, claro, frusta aqueles que defendem bandeiras corretas de combate à corrupção, de recuperar a imagem do Brasil no exterior, de fazer uma educação de qualidade. Enfim, ele (Bolsonaro) tem que se explicar e vai se enrolar mais. Os filhos todos enrolados em corrupção – que ele insiste em dizer que não sabia, mas eram todos menores de idade. E o Lula vai ter que responder – a não ser que ele queira  dizer que nada existiu e tudo que nós vimos era mentira. Bilhões e bilhões de dólares. Confissões, confissões… Teremos uma eleição para escrever qual o tipo de país queremos. 

Bahia Repórter-  Como o senhor analisa a candidatura do presidente nacional do DEM e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto? 

Mandetta- Neto apresenta como cartão de visita à Bahia uma série de qualidade:  a administração de Salvador e o histórico político – que está no DNA baiano. Ele vem de uma passagem no Parlamento brilhante, também, mostrou sua capacidade administrativa durante a gestão municipal em Salvador. Eu ando em Porto Alegre, Rio de Janeiro, viajo todas as capitais do Brasil. Todos dizem que gostariam de um prefeito como ACM Neto. Eu acredito  que não há ninguém na Bahia que não admire a gestão de Neto na capital baiana. A Bahia tá com um gostinho de quero mais. Ou seja, quer que Neto faça pela Bahia o que fez por Salvador. 

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