(por Fernanda Dourado)
O ex-prefeito de Salvador ACM Neto, do União Brasil, é, sem dúvida alguma, o maior líder da oposição no estado. Claro, que, também, não há dúvida que o ex-gestor voltou a assumir seu papel oposicionista, recentemente.
O vice-presidente nacional do União Brasil, que estava há quase dois anos recluso, agora, resolveu partir para o ataque ao seu maior opositor, Jerônimo Rodrigues, o governador do estado, que o derrotou em 2022. Neto tem feito críticas até ao presidente Lula. Mas, durante a eleição, evitou o embate com o PT – já que sabia, principalmente, por pesquisas, que poderia ser prejudicado politicamente, caso partisse para o ataque. Mas mesmo sem o confronto severo, perdeu a eleição.
O “baque” que ACM Neto sofreu em ser derrotado pelo PT o deixou muito abatido, segundo informações de bastidores, já que estava disparado nas pesquisas e foi vencido por um político que não havia disputado nenhum cargo público. De acordo com os bastidores, o ex-prefeito da primeira capital do Brasil, após a derrota não acolheu como deveria seus aliados. Ainda segundo seus defensores, a principal justificativa é que Neto não conseguiu assimilar, imediatamente, a derrota.
Após a derrota, ACM Neto diminuiu, visivelmente, suas aparições públicas e, também, as críticas ao governo. Mas, evidentemente, se viu obrigado a sair da reclusão em 2024 – ano que acontece as eleições municipais. ACM Neto é jovem e, claro, não abrirá mão de seu sonho e projeto político em tentar conseguir ingressar no Palácio de Ondina – o qual o seu avô, o ex-senador ACM, ocupou por três vezes.
O maior representante político do União Brasil na Bahia sabe que lideranças políticas têm impacto determinante no resultado do seu grupo, ou seja, não pode deixar solto.
Em 2018, Neto deixou o grupo solto e, claro, teve consequências e até revoltas de legisladores, prefeitos e lideranças políticas. Muito me confessaram, na época, que estavam decepcionadas com o recuo de ACM Neto em não disputar o governo do estado. O ex-gestor ocupava seu segundo mandato na prefeitura de Salvador e justificou a desistência: “Meu nome passou a ser cogitado para disputar o governo. Como todo baiano que ama a sua terra, teria o orgulho de ser governador. Eu refleti muito, ouvi muita gente, e mais ao final só sobrou ouvir meu coração. Meu coração me impede de deixar a prefeitura”.
Ouvi muito comentários de políticos durante este período. Eles alegavam que ACM Neto deveria ter saído para manter o grupo unido e, também, não deixar legisladores estaduais e federais na mão. O papel do líder é incontestável na política – já que ele tem o poder de conduzir ao sucesso ou ao fracasso. E ACM Neto sabe disso. Ele precisa, mesmo ressabiado, se reerguer politicamente para conseguir impulsionar e a manter a competitividade da oposição no estado. Se ele disputará ou não a eleição para o governo em 2026… Não se sabe. A única certeza é que o grupo oposicionista não irá perdoá-lo, mais uma vez, caso ele repita o que fez em 2018, ou seja, desistir de competir o governo do estado em 2026.
*Fernanda Dourado é apresentadora e repórter da TV ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia; Editora-Chefe do site Bahia Repórter. A especialista, também, é consultora política. Escreve neste espaço às quartas-feiras; Instagram e TikTok: @fernandadouradoreporter