(Por Fernanda Dourado)
O cenário político baiano pode passar por uma transformação significativa nos próximos anos, com a possibilidade de Luís Eduardo Magalhães Filho, o Duquinho, emergir como uma força política relevante. Filho do ex-presidente da Câmara dos Deputados e deputado federal Luís Eduardo Magalhães, Duquinho não apenas herdou o nome de um dos políticos mais admirados da história recente da Bahia, mas também é um empresário de sucesso, conhecido e respeitado em todo o país. Sua entrada no cenário político poderia alterar o equilíbrio de poder, especialmente no que se refere ao legado da família Magalhães, que, até o momento, tem sido mantido e liderado por seu primo, ACM Neto.
A declaração de Carlos Muniz, presidente da Câmara de Salvador e candidato à reeleição, nesta quinta-feira à noite, trouxe ainda mais atenção ao nome de Duquinho. Durante um evento no restaurante Pereira, Muniz afirmou, sem rodeios, que Duquinho será o próximo governador da Bahia. Essa afirmação lança uma luz sobre a possibilidade de Duquinho ingressar na política e já está gerando discussões e expectativas para as eleições de 2026.
O legado de Luís Eduardo Magalhães é indiscutível. Conhecido por sua habilidade de diálogo e articulação, ele conquistou respeito até entre seus adversários políticos. Sua morte prematura em 1998 interrompeu uma carreira promissora, com muitos acreditando que ele seria o próximo governador da Bahia ou até mesmo candidato à presidência da República. Duquinho, embora tenha se mantido afastado da política até agora, carrega esse sobrenome de peso e, segundo políticos de várias correntes, tem o potencial de resgatar e capitalizar esse espólio político.
Apesar de nunca ter se aventurado na política, Duquinho é cortejado por diversos setores, especialmente pelo empresariado e por figuras políticas influentes. A força de seu nome e o respeito que seu pai e seu avô, o senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), construíram ao longo de décadas, ainda ecoam por toda a Bahia. O “carlismo”, que dominou a política baiana por muitos anos, não foi apenas um movimento político, mas um verdadeiro patrimônio enraizado nos 417 municípios do estado ainda hoje.
ACM Neto, que herdou o nome e a liderança da família, consolidou sua posição como uma das principais figuras políticas da Bahia. No entanto, a possível entrada de Duquinho na política poderia desafiar essa hegemonia familiar. Neto teve a vantagem de ser homônimo do avô, e a marca “ACM” certamente contribuiu para sua trajetória política de sucesso. Porém, Duquinho traz consigo a memória e, também, o nome de seu pai, Luís Eduardo, que, para muitos, representa uma figura mais conciliadora e respeitada que o próprio ACM.
Se Duquinho decidir disputar o governo da Bahia em 2026, sua candidatura pode dividir o eleitorado que historicamente apoiou o carlismo. A simpatia e o respeito que ele carrega entre empresários e políticos podem colocar ACM Neto em uma posição desconfortável, forçando-o a enfrentar um adversário próximo, mas que tem um apelo diferente – o de um nome que remete à diplomacia e ao diálogo, características que marcaram a trajetória de seu pai.
Embora ainda não haja uma confirmação oficial de Duquinho sobre suas intenções políticas, o simples fato de seu nome estar sendo mencionado já cria especulações sobre o futuro da política baiana. O apoio empresarial, aliado à memória afetiva do pai, pode ser um trunfo importante para Duquinho, que, caso entre na disputa, poderá representar uma nova fase do legado da família Magalhães – uma fase que, para muitos, pode ser tão impactante quanto a era de ACM.
A ameaça ao domínio de ACM Neto, portanto, é real. Duquinho, além de possuir uma postura educada e simpática, tem o respaldo de figuras influentes e pode unir tanto o empresariado quanto setores mais tradicionais da política baiana, oferecendo uma alternativa ao estilo político que vem predominando no estado. Essa dinâmica coloca um novo ingrediente nas já acirradas disputas eleitorais da Bahia e pode redefinir o futuro político do estado.