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Política

No fio da navalha: eleições decididas por um voto e o peso da última hora

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Com a chegada da última semana de campanha, a atmosfera política nos municípios baianos se intensifica. Enquanto nas grandes capitais, como Salvador, a reta final das eleições pode parecer menos fervorosa, restrita aos envolvidos diretamente na política, no interior do estado o cenário é completamente diferente. A proximidade das urnas mobiliza as cidades menores, transformando a campanha em um evento comunitário e acalorado, onde a disputa política vai além dos debates e atinge níveis pessoais. Nesse contexto, o corpo a corpo eleitoral ganha protagonismo.
Em municípios menores, os candidatos enfrentam um verdadeiro teste de resistência na reta final. É o momento em que visitas, caminhadas, abraços e apertos de mão se tornam mais frequentes, e a busca por apoio passa a ser frenética. As ruas se enchem de bandeiras, carros de som e militantes, todos em uma corrida contra o tempo para garantir o máximo de votos possível. Cada visita a um bairro, cada evento em uma praça pode ser o diferencial entre a vitória e a derrota.
A última semana antes da eleição é crucial. É quando os candidatos buscam os derradeiros apoios, firmam alianças e conquistam eleitores indecisos. E quem não se lembra de casos em que um único voto fez a diferença?
Um exemplo emblemático é o ocorrido nas eleições de 2016, em Aral Moreira, Mato Grosso do Sul. Na disputa pela prefeitura, Alexandrino Garcia, do PR, venceu Marines Oliveira, do DEM, por apenas um voto. Garcia obteve 2.558 votos, enquanto Marines ficou com 2.557, em uma das disputas mais acirradas já vistas no estado.
Esse caso reflete a verdade incontestável das campanhas: cada voto conta. O corpo a corpo na última semana é o momento em que candidatos e suas equipes devem se desdobrar para conquistar aqueles eleitores que ainda estão indecisos ou distantes do processo. Pequenos gestos e conversas diretas com o eleitor podem ser decisivos.
Perder por um voto ou por poucos votos pode ser uma das experiências mais frustrantes tanto para o candidato quanto para seus eleitores. Essa situação coloca em evidência a importância de cada voto e do corpo a corpo eleitoral até o último segundo. Candidatos se dedicam ao extremo, lutando incansavelmente até o final da campanha. Muitos perdem quilos durante o processo, com noites mal dormidas, caminhadas exaustivas e o constante esforço para conquistar eleitores indecisos. A pressão é tão grande que o descanso só vem depois que as urnas são fechadas, quando enfim conseguem relaxar, ainda que com o nervosismo sobre o resultado.
No Brasil, há inúmeros exemplos de eleições decididas por um único voto ou por margens mínimas, mostrando como qualquer deslize ou falta de atenção pode ser fatal em uma disputa eleitoral acirrada. Quando a derrota acontece, tanto o candidato quanto os eleitores frequentemente começam a analisar minuciosamente quem votou e quem não compareceu às urnas. A busca por entender onde faltaram apoios pode gerar um clima de vigilância e até de desconfiança em torno dos votos não computados.
Essa decepção de perder por tão poucos votos alimenta a ideia de que cada conversa, cada visita e cada aperto de mão na campanha têm um impacto real no resultado final. Por isso, candidatos e suas equipes se dedicam ao máximo, sabendo que qualquer esforço extra pode ser a chave para a vitória em uma eleição decidida nos detalhes.
A última semana é o auge dessa tensão. Eventos se tornam mais intensos, a pressão por cada voto aumenta e os ânimos estão à flor da pele. A campanha transforma-se em uma verdadeira corrida contra o tempo, e a proximidade dos candidatos com o eleitorado se torna ainda mais valiosa. Esse engajamento pessoal faz toda a diferença em cidades pequenas, onde o eleitor muitas vezes conhece o candidato de forma mais próxima e direta.
Em municípios do interior, onde as relações interpessoais são mais próximas e o contato direto é mais valorizado, o corpo a corpo pode fazer a diferença entre ganhar ou perder uma eleição por uma margem estreita. Os candidatos que melhor conseguem aproveitar essa última semana, mobilizando sua equipe e se conectando com os eleitores, têm maiores chances de sucesso.
No fim, a reta final de uma eleição é um reflexo da própria essência democrática: cada cidadão tem o poder de influenciar o resultado, e cada voto é uma expressão de confiança.

Fernanda Dourado é Editora-Chefe do site Bahia Repórter, consultora e especialista em política, há mais de 20 anos. A jornalista é apresentadora e repórter da TV ALBA  – Assembleia Legislativa da Bahia – onde apresenta programas políticos desde a fundação da emissora.  Escreve neste espaço às quartas-feiras; Instagram e TikTok: @fernandadouradoreporter

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