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Política

Congresso quer ampliar emendas e fundão e avalia cortes na Previdência e em ministérios

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Para elevar a verba do fundo eleitoral e de emendas parlamentares, o Congresso avalia fazer cortes em outras despesas, como no custeio de ministérios.

Isso reduz o poder da equipe técnica de cada pasta, pois a escolha de onde aplicar o dinheiro público passa a ter um componente político.

Emenda parlamentar é a forma como deputados e senadores conseguem destinar dinheiro do Orçamento federal para obras e projetos em suas bases políticas.

Apesar de emendas serem contabilizadas como parte da verba dos ministérios, o destino dos recursos é indicado pelos parlamentares.

As promessas na largada da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) pressionam o Orçamento de 2022, que precisa de um rearranjo para haver espaço para mais emendas (de R$ 7 bilhões a R$ 16 bilhões) e o maior fundo eleitoral da história (que pode subir de R$ 2 bilhões para até R$ 5,7 bilhões).

A estratégia traçada por líderes do Congresso é reduzir as despesas de livre uso de diversos ministérios (um corte difuso) e também reduzir parte da verba para gastos obrigatórios, como aposentadorias e demais benefícios da Previdência Social.

As contas da versão final do Orçamento devem ser feitas às pressas na próxima semana.

O Congresso quer aprovar o Orçamento ainda em dezembro para garantir a execução das emendas logo no início de 2022. Em ano de eleição, o prazo para liberação desse dinheiro é mais curto —até julho.

O uso desse dinheiro em ações voltadas para bases de deputados e senadores amplia o capital político dos parlamentares às vésperas do pleito. Por isso, a execução das emendas desperta o interesse dos congressistas já no início de 2022.

Governistas argumentam que emendas são investimentos realizados “na ponta” —obras com impacto direto na vida da população de municípios. No entanto, a engenharia montada para distribuição desses recursos historicamente privilegia aliados de quem está no governo.

No caso de Bolsonaro, esses tipos de acordos ganharam mais corpo a partir de 2020, dando, portanto, mais espaço ao Congresso dentro do Orçamento. Em troca, o presidente ganhou uma base governista mais fiel.

Um exemplo que mostra a perda de controle do governo sobre recursos do Orçamento é a verba do Ministério do Desenvolvimento Regional voltada para obras de infraestrutura locais, logística e compra de equipamentos e máquinas.

Em 2019, foram reservados R$ 3,5 bilhões para esses projetos. Desse total, o ministério tinha controle integral sobre R$ 2,7 bilhões e o restante era de emendas.

Em 2021, são R$ 4,6 bilhões previstos, mas apenas R$ 500 milhões estão totalmente na mão da pasta. A maior parcela passou a ser de emendas.

Hoje existem quatro tipos de emendas: as individuais (que todo deputado e senador têm direito), as de bancada (parlamentares de cada estado definem prioridades para a região), as de comissão (definida por integrantes dos colegiados do Congresso) e as do relator (criadas por congressistas influentes a partir de 2020 para beneficiar redutos eleitorais).

Já estão garantidos R$ 16,2 bilhões para emendas individuais e de bancada no Orçamento de 2022 —não há previsão ainda para as de comissão. O governo tem pouca margem de negociação política com esses recursos.

Por ser obrigado a liberar essas emendas ao longo do ano, o jogo político nesses casos fica limitado a dar preferência a aliados nos primeiros pagamentos.

Aliados de Bolsonaro querem, portanto, turbinar as emendas de relator, instrumento incluído no Orçamento de 2020 pelo Congresso, que passou a ter controle de quase o dobro da verba de anos anteriores.

Esse tipo de emenda é atualmente a principal moeda de troca em votações importantes e ampliou a base de apoio de Bolsonaro no Congresso. A cifra para 2022 ainda não está acertada entre líderes partidários.

O valor máximo é de R$ 16,2 bilhões, equivalente ao patamar dos outros tipos de emendas. Mas membros do Ministério da Economia e técnicos que elaboram o Orçamento tentam emplacar o valor de R$ 7 bilhões.

Quanto maior o tamanho dessa verba para essas emendas, maior terá de ser o corte nas despesas que, na versão atual do Orçamento, estão programadas para os ministérios.

Além disso, já está na conta do governo que o aumento do fundo de financiamento da campanha eleitoral exigirá a retirada de recursos de outras áreas.

O Congresso quer um valor de R$ 5 bilhões a R$ 5,7 bilhões para o próximo ano, mas o Orçamento foi elaborado com uma reserva de R$ 2,1 bilhões —mesmo nível dos anos anteriores. O fundão foi criado em 2017.

Essa articulação une partidos de diferentes espectros políticos, que querem mais dinheiro para a disputa eleitoral.

Articuladores do governo têm deixado as negociações no Congresso fluírem e não se opuseram, até o momento, à intenção dos líderes de elevar o valor do fundo na votação final do Orçamento.

Mesmo integrantes do time do ministro Paulo Guedes (Economia), que prezam pelo controle de despesas, já admitem que o Congresso fará trocas de verba no projeto orçamentário para viabilizar as emendas de relator e a expansão do fundo eleitoral.

O trabalho nos últimos dias tem sido para evitar que o corte deixe o governo sem dinheiro para pagar despesas obrigatórias, como aposentadorias e pensões. Por isso, tentam limitar a tesourada aos gastos não obrigatórios, como custeio e investimento dos ministérios.

O corte deverá também atingir os outros Poderes (Judiciário e Legislativo), porém em menor grau. Os ajustes feitos até agora na versão preliminar do Orçamento só atingiram o Executivo.

O STF (Supremo Tribunal Federal) chegou a bloquear o uso das emendas de relator, mas, após uma operação montada pelo Palácio do Planalto e pela cúpula do Congresso, os recursos foram liberados.

Apesar do recuo, a decisão da corte ainda determina que seja divulgada a lista de parlamentares que fizeram indicações para uso do dinheiro desse tipo de emenda, inclusive nos casos em que o dinheiro já foi liberado.

Com a permissão de prever emendas de relator também em 2022, foi aberto o caminho para que o Congresso acelere o calendário para aprovação do Orçamento.

Líderes partidários querem dar aval ao projeto de Orçamento de 2022 até o dia 17 de dezembro, apesar da demora na conclusão da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, que possibilita um amplo aumento nas despesas e viabiliza o Auxílio Brasil de pelo menos R$ 400 no ano eleitoral.

O plano do Congresso é evitar que ocorra um impasse semelhante ao do Orçamento de 2021, que foi sancionado apenas em abril. O atraso limitou a liberação de emendas parlamentares nos primeiros quatro meses do ano.Thiago Resende/Folhapress

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Política

Ministro Mauro Vieira representará Lula durante cúpula do Brics na Rússia

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O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou, neste domingo (20), que o novo chefe da delegação brasileira na cúpula do Brics, em Kazan, na Rússia. O chefe da pasta, o ministro Mauro Vieira representará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após o chefe do Executivo sofrer um acidente doméstico.

Lula sofreu um acidente doméstico em Brasília, no último sábado (19), e deu entrada no Hospital Sírio-Libanês com um corte na nuca. Segundo avaliação médica, o caso não é grave, mas o presidente recebeu orientações para não realizar viagens aéreas de longa distância.

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Política

‘Fiquei a prova inteira com Macetando na cabeça’: estudantes repercutem questão da Unicamp

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Estudantes que realizaram a primeira fase do vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) neste domingo (20) usaram as redes sociais para comentar a questão que citava a música “Macetando”, de Ivete Sangalo e Ludmilla.
 

“Caiu ‘Macetando’ da Ivete Sangalo no vestibular da Unicamp, e meu medo é no final ter sido macetada junto”, brincou uma internauta no X (ex-Twitter). A questão de português abordava o duplo sentido do verbo “macetar”.
 

Fã-clubes da cantora baiana aproveitaram a citação para exaltá-la. “Pátria mãe Ivete educadora” e “é a nossa grande pensadora contemporânea Ivete Sangalo” são outros exemplos de postagens feitas na plataforma.
 

Teve até quem passou a prova toda com o refrão-chiclete da música na cabeça: “fiquei a prova inteira com ‘oh bebê é a veveta que tá no comando macetando macetando macetando macetando’ na cabeça. Unicamp, você me paga”, escreveu uma usuária do X que se identifica como Carolina.
 

A prova também foi elogiada pelas referências. “Unicamp é muito divertido de fazer, Chico Buarque, Cartola, Alice no País das Maravilhas, Macetando da Ivete Sangalo, […] Pessoal do banco de questão é muito bom”, disse Guilherme na rede social.

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Política

Motociclista morre em acidente na BR-116

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Um motociclista morreu após um acidente na manhã deste domingo (20), no trecho da BR-116 entre Poções e Vitória da Conquista, no Centro Sul baiano. A vítima foi identificada como Maurício Rocha.

Segundo o Blog do Anderson, parceiro do Bahia Notícias, o resgate da ViaBahia foi acionado junto ao Departamento de Polícia Técnica e a Polícia Rodoviária Federal.

O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto Médico Legal de Vitória da Conquista.

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