O União Brasil partiu para o tudo ou nada com algumas decisões da executiva nesta segunda-feira (11). Apesar de alguns dirigentes partidários negarem, a legenda está em ebulição política na Bahia. Depois do “incêndio” partidário que virou caso de polícia nacionalmente, agora a legenda baiana- que tem como maior liderança, o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional da legenda, ACM Neto, precisa, claro, administrar os questionamentos de alguns legisladores estaduais a exemplo de Marcinho de Oliveira e Júnior Nascimento e, também, do deputado federal, Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara Federal – que pleiteia ser o presidente da Câmara Federal. Os três externaram não concordar com a decisão da executiva.
Elmar – que é conhecido no meio político por declarações, muitas vezes, fervorosas, veio a público “pela imprensa” de forma mais incisiva, indagar a decisão da Executiva estadual do União Brasil de punir com o corte do fundo eleitoral os deputados estaduais do partido que votarem a favor do empréstimo de US$400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) solicitados pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) à Casa, mediante projeto de lei.
Elmar classificou a decisão da ala como uma forma de “ameaça” e “intimidação” aos legisladores da agremiação, além de afirmar, segundo ele, que o assunto não constava na pauta da reunião da Executiva estadual. Apesar de não constar, o tema foi pautado e a decisão dos presentes a respeito do assunto foi unânime. Contudo, ouvi em “off” de filiados que a omissão na reunião foi para evitar se indispor no momento.
Mas aí veio a declaração de Elmar, que, claro, causou ainda mais melindre dentro da agremiação. Os burburinhos insatisfatórios quando são vazados tendem a serem contornados, mas, quando são externados por agremiação estremecem, ainda mais, o grupo – já que partidos têm como cautela não questionar em público ou pela imprensa qualquer determinação tomada pela executiva, com objetivo de evitar expor as divergências partidárias e os rachas dentro da ala.
Mas Elmar, claro, tem as razões dele. Explico!
A decisão de Neto, ou melhor, da executiva, pode, sim, prejudicar o sonho de Elmar em sentar na cadeira de presidente da Câmara. Caso o governo, também, revide com a mesma moeda. Contextualizarei!
Com esta ameaça de retaliação da legenda aos legisladores estaduais, consequentemente, o efeito cascata poderá, sim, chegar até a Câmara Federal e, claro, poderá atrapalhar Elmar, que, obviamente, precisa do maior número de votos para conseguir ser eleito presidente da Câmara, independente, de partidos ou ideologia política.
Elmar, que já foi ferrenho opositor do governo, já “quase” sentou na cadeira de ministro.
Mas na época,, o deputado Elmar passou a ser refutado por dirigentes petistas por ter criticado o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da campanha presidencial.
O tempo, claro, acalmou os ânimos e Elmar conseguiu se aproximar do governo federal e de petistas e, inclusive, até já teve o nome ventilado para a chapa majoritária governista.A aproximação de Elmar com o governo, segundo informações de bastidores, não agrada nem um pouco o vice-presidente da legenda ACM Neto- que, evidentemente, partiu para o tudo ou nada para evitar o enfraquecimento da ala na Bahia. A bancada do União Brasil no Parlamento baiano é composta por dez legisladores de destaque , sendo a maior da Casa, inclusive, muito respeitada, por oposicionistas e governistas.
*Fernanda Dourado é apresentadora e repórter da TV ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia; Editora-Chefe do site Bahia Repórter. A especialista, também, é consultora política. Escreve neste espaço às quartas-feiras; Instagram e TikTok: @fernandadouradoreporter