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Política

Contrato de Moro com consultoria dos EUA pode gerar questionamento da Receita

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Ao revelar detalhes de sua relação com a consultoria Alvarez & Marsal, o ex-juiz Sergio Moro abriu o flanco para questionamentos da Receita Federal sobre a maneira como seus rendimentos foram pagos nos meses em que trabalhou para os americanos, antes de entrar na corrida presidencial.

O ex-juiz recebeu a maior parte do dinheiro no Brasil, por meio de uma empresa de consultoria que criou após deixar o governo Jair Bolsonaro. Isso permitiu que Moro recolhesse menos impostos e livrou a Alvarez & Marsal de encargos que precisaria pagar se o tivesse contratado como funcionário.

Moro e seus ex-empregadores dizem ter agido de acordo com a legislação brasileira, mas especialistas consultados pela Folha afirmam que eles podem ter problemas se a fiscalização da Receita Federal entender que o objetivo da contratação de Moro como pessoa jurídica foi pagar menos tributos no Brasil.

O ex-juiz deixou a Alvarez & Marsal em novembro para se filiar ao Podemos e se lançar candidato a presidente. Alvo de uma investigação do Tribunal de Contas da União, que ele considera abusiva, Moro divulgou seus ganhos para tentar afastar desconfianças que cercam sua relação com a empresa.

O TCU abriu investigação sobre o ex-juiz e a Alvarez & Marsal para examinar suspeitas de conflito de interesse. Moro foi responsável pelas ações da Operação Lava Jato, e a empresa hoje administra processos de recuperação judicial da Odebrecht e de outras empresas atingidas pelas investigações.

Moro e a Alvarez & Marsal rejeitam as suspeitas, porque ele trabalhou para uma unidade do grupo voltada para disputas empresariais e investigações internas, separada da administradora judicial. Além disso, uma cláusula de seu contrato o impedia de prestar serviços para empresas como a Odebrecht.

Na sexta-feira (28), o ex-juiz disse que acertou com a Alvarez & Marsal um salário bruto de US$ 45 mil por mês, equivalente hoje a R$ 243 mil. Além disso, ele recebeu US$ 150 mil como bônus de contratação, um tipo de incentivo comum no mercado para altos executivos. A cifra corresponde hoje a R$ 809 mil.

No mesmo dia, a consultoria americana informou que pagou a Moro, por 12 meses de trabalho, US$ 656 mil em valores brutos, ou R$ 3,5 milhões pela cotação atual do dólar. A empresa de consultoria do ex-juiz recebeu 65% dos rendimentos, no Brasil. O restante foi pago diretamente, nos Estados Unidos.

De acordo com Moro e a Alvarez & Marsal, ele foi contratado inicialmente como pessoa jurídica no Brasil porque só poderia ser contratado como funcionário nos EUA após obter visto de trabalho como estrangeiro. O processamento do pedido de visto para o ex-juiz demorou meses para ser concluído.

Segundo a assessoria de imprensa da Alvarez & Marsal, o contrato com a consultoria de Moro no Brasil foi assinado em 23 de novembro de 2020 e vigorou até 2 de junho do ano passado. O contrato como empregado nos EUA foi assinado em 7 de abril do ano passado e encerrado em 26 de outubro.

Moro divulgou duas notas fiscais emitidas pela sua empresa nesse período. Segundo ele, a de maior valor se refere ao bônus de contratação, pago em fevereiro do ano passado. A outra representa o pagamento do seu salário de março, R$ 253 mil brutos, ou US$ 46 mil pelo câmbio da época.

As notas fiscais indicam que a Alvarez & Marsal e a empresa de consultoria de Moro recolheram tributos equivalentes a 19% dos valores brutos, porcentual típico para prestadores de serviço como a empresa do ex-juiz. Se ele tivesse sido contratado como pessoa física, teria que pagar 27,5% de Imposto de Renda.

Além disso, tanto ele como a empresa teriam que contribuir com a Previdência Social, e caberia à Alvarez & Marsal pagar outros encargos previstos pela legislação trabalhista. Mesmo que a redução da carga tributária não tenha sido o motivo da contratação de Moro como pessoa jurídica, é certo que ela o beneficiou.

Conforme a legislação brasileira, os dividendos recebidos pelo ex-juiz de sua empresa de consultoria são isentos do pagamento de Imposto de Renda, o que lhe permitiu usufruir dos recursos recebidos da Alvarez & Marsal no Brasil sem pagar nada ao fisco além dos tributos recolhidos pela sua empresa.

O governo Bolsonaro chegou a propor a taxação dos dividendos e mudanças no Imposto de Renda para eliminar vantagens oferecidas pela chamada pejotização para empresas e seus funcionários, mas resistências no Congresso impediram o avanço dessa e de outras propostas de reforma.

Situações em que o vínculo empregatício entre o prestador de serviço e a empresa que o contratou é evidente, como no caso de Moro, estão sujeitas a exame mais rigoroso pelo fisco, segundo os especialistas consultados pela Folha, mas eventuais sanções dependeriam de análises aprofundadas.

Em resposta a questionamentos da Folha, a Alvarez & Marsal afirmou que a contratação do ex-juiz se deu inicialmente no Brasil “por questões burocráticas”. A Folha enviou 11 perguntas à assessoria de Moro na sexta-feira, mas ele as deixou sem resposta, preferindo enviar uma declaração genérica sobre o assunto.

“Agindo de forma diferente dos outros pré-candidatos, já prestei publicamente todos os esclarecimentos sobre essa questão, demonstrando a regularidade da relação com a Alvarez & Marsal”, afirmou. “A Folha de S.Paulo poderia perguntar ao ex-presidente Lula sobre os valores recebidos por palestras e doações de empresas investigadas na Lava Jato, aliás, infinitamente superiores.”

A juiza Gabriela Hardt, da Vara Federal em que Moro atuava em Curitiba, arquivou o inquérito que examinou as palestras feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após deixar a Presidência da República. A Polícia Federal não encontrou provas de irregularidades e o caso foi encerrado em 2020.

Nos EUA, o ex-juiz foi contratado como diretor, não mais como prestador de serviços de consultoria. O imposto de renda americano, com alíquotas de até 37% para assalariados, e outros tributos recolhidos na fonte comeram 46% dos salários de Moro, segundo dois contracheques que ele divulgou na sexta.

Considerando as alíquotas indicadas nos documentos divulgados, é possível estimar que Moro tenha ficado com US$ 470 mil dos US$ 656 mil pagos pela consultoria americana, ou R$ 2,5 milhões. Se tudo tivesse sido pago nos EUA, o valor líquido teria caído para US$ 354 mil, ou R$ 1,9 milhão.

O ex-juiz mudou-se para os EUA no período em que trabalhou para a Alvarez & Marsal, mas manteve seu domicílio tributário no Brasil. Isso significa que ele continuou obrigado a prestar contas ao fisco brasileiro, declarando os rendimentos recebidos no exterior para que sejam tributados no país também.

Na transmissão ao vivo que Moro fez com o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) nas redes sociais para se explicar, o parlamentar chegou a brincar com ele. “Então você ainda vai mandar um pouquinho de dinheiro para o caixa do Bolsonaro”, disse Kataguiri. “Pois é”, respondeu o ex-juiz.

O mais provável é que Moro não precise pagar nada à Receita Federal quando declarar os rendimentos recebidos nos EUA, segundo os especialistas ouvidos pela Folha. Em casos assim, a legislação tributária permite que o imposto pago lá fora seja compensado no cálculo dos tributos a serem recolhidos no Brasil.

A reportagem ouviu cinco pessoas sobre o caso do ex-juiz, incluindo dois ex-dirigentes da Receita Federal, um advogado tributarista, um especialista em programas empresariais de controle interno e um contador. Eles pediram anonimato para analisar a situação, por não conhecer todos os detalhes do caso concreto.Ricardo Balthazar / Folha de São Paulo

Política

Ex-amigos, ACM Neto e João Roma estarão no mesmo palanque em apoio à reeleição de Bruno Reis; Veja o comentário da articulista política da Tribuna da Bahia, Fernanda Dourado

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Não é novidade alguma que o PL daria, sim, apoio, à reeleição do prefeito, Bruno Reis, do União Brasil. Esta “costura” já vinha sendo feita há muito tempo pelo próprio prefeito da primeira capital do Brasil. E Bruno, claro, mais uma vez, se consolida como articulador político nato. Vale lembrar que há dois anos, o PL estava do lado oposto e até lançou o ex-deputado federal, João Roma, que estava em seu primeiro mandato, à disputa ao cargo majoritário pela primeira vez. Na época, segundo informações de bastidores, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, que era candidato ao governo da Bahia, ainda tentou uma reaproximação com o ex-ministro da cidadania, mas sem sucesso.


Sem conseguir fazer uma aliança política, o PL foi para a disputa representado por João Roma
que, inclusive, atrapalhou e muito o sonho de ACM Neto virar governador da Bahia. Além de atrapalhar, o candidato de Bolsonaro na Bahia, tirou votos de ACM Neto (já que ambos são de direita) e, ainda, desferiu ofensas pessoais a ACM Neto, o ex-amigo de 20 anos. João Roma não era apenas amigo de Neto, ele , também, foi chefe de gabinete da prefeitura de Salvador, entre 2013 a 2018, durante maior parte da gestão de Neto. Mas como o próprio presidente do PL, João Roma, falou durante o seu discurso no anúncio do apoio do partido à reeleição de Bruno, “uma régua foi passada nesta história” – já que Roma e Neto têm o mesmo objetivo: reeleger Bruno Reis.

Antes melhores amigos, em seguida, inimigos e agora se tornaram “aliados” e estarão juntos no mesmo palanque defendendo a reeleição de Bruno Reis. Se voltarão a ser amigos, acho pouco provável, já que confidências pessoais foram reveladas, pelos dois, durante o debate televiso em 2022. Mas na política o importante não é manter amizade, mas, sim, ganhar a eleição. Bruno, claro, adquiriu mais tempo televiso – algo muito importante em uma campanha eleitoral.

Além de Roma, Bruno tem ao seu lado diversos integrantes da ala, dentre eles, o deputado federal João Bacelar – que sempre deu apoio irrestrito ao prefeito até quando o PL fazia parte da base do governo, e os legisladores federais: Roberta Roma e Capitão Alden; e, também, os estaduais Leandro de Jesus e Diego Castro.

O PL é presidido por Valdemar Costa Neto e tem como filiado o ex-presidente, Jair Bolsonaro. Durante o anúncio, Bruno fez questão de lembrar que a oposição tentará associar a imagem dele com a do ex-presidente, mas segundo ele, “não irá pegar”. Ele ainda lembrou que já tentaram esta estratégia, em 2020, mas “não deu certo”.Artigo publicado na íntegra na Tribuna da Bahia.

 *Fernanda Dourado é apresentadora e repórter da TV ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia; Editora-Chefe do site Bahia Repórter. A especialista, também, é consultora política. Escreve neste espaço às quartas-feiras; Instagram e TikTok: @fernandadouradoreporter

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Pé-de-Meia paga 2ª parcela de R$ 200 a novo grupo nesta quinta-feira

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Os alunos inscritos no  Programa Pé-de-Meia seguem recebendo a segunda parcela de R$ 200 nesta quinta-feira (2). Desta vez, serão contemplados os estudantes nascidos em setembro e outubro. Os depósitos acontecerão até o dia 3 de maio, conforme a data de nascimento dos beneficiários. 

A primeira parcela, paga no final de março e início de abril, foi referente ao incentivo pela matrícula. Agora, a quantia será creditada nas contas dos estudantes que mantiveram a frequência média de 80% nos três meses letivos, de acordo com controle feito pelas redes de ensino.

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Política

Gato engasgado: veterinária explica o que fazer

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O engasgo para os animais de estimação pode ser bem preocupante. Ao encontrar o gato nessa condição, é importante que o tutor tenha calma e saiba como agir para evitar que complicações levem a consequências mais graves.

Por serem animais bem seletivos, os gatos não têm o hábito de comer qualquer coisa que encontram pelo caminho, porém, os engasgos podem acontecer com a própria alimentação, ao ingerir água, brinquedos, linhas ou bolas de pelo – é importante evitar brinquedos com peças soltas e/ou barbantes.

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