O prefeito de Salvador, Bruno Reis, do União Brasil, apesar de ser apadrinhado político do ex-gestor de Salvador, ACM Neto, conseguiu andar com as próprias pernas e não ficar na sombra do seu antecessor e amigo.
Nos bastidores políticos, o burburinho, na época, era que a gestão de Bruno seria o terceiro mandato consecutivo de ACM, mas na prática não é bem assim. É evidente que ACM Neto tem total influência política tanto na prefeitura, quanto com Bruno Reis.
Contudo, Bruno – que era o articulador político de Neto, se viu obrigado a exercer a mesma função que exercia quando era vice-prefeito de ACM Neto em seu próprio governo. A articulação política no governo de Bruno era criticada, diariamente, e só melhorou após o rompimento do então presidente da Câmara, Geraldo Júnior, agora vice-governador da Bahia. Desde então, Bruno tomou as rédeas da articulação política.
O protagonismo de Bruno Reis tem chamado atenção dentro do grupo político, já que ele, segundo informações de bastidores, tem deixado claro que também deseja ter pessoas de sua confiança no Parlamento estadual e federal, inclusive, esta conversa já tem até gerado ciumeira na base. Bruno – que é o favorito na corrida municipal de 2024, fortaleceu partidos aliados, segundo informações de bastidores, com objetivo, também, de formar uma bancada “Brunista”.
A divisão de Poder entre Neto e Bruno, claro, é estratégica e de comum acordo. ACM Neto tem o hábito de formar lideranças até por que política se faz em grupo. Mas, evidentemente, ele precisa de políticos leais ao seu lado- já que antes mesmo de ter sido derrotado pelo governador, Jerônimo Rodrigues, do PT, nas eleições de 2022, foi abandonado por muitos aliados – já no primeiro turno.
O homem de confiança de ACM Neto é Bruno Reis, que, inclusive, já até declarou uma vez que se fosse para escolher perder a amizade de Neto ou deixar a política, optaria por deixar a política.
ACM Neto precisa não apenas que Bruno se reeleja, mas, também, que tenha uma votação expressiva para mostrar força política dentro da primeira capital do Brasil que é uma cidade estratégica sendo a quinta maior em população no país e com o 14º Produto Interno Bruto ( PIB ) do Brasil no valor de R$ 62.954 bilhões, segundo o IBGE.
A divisão de forças entre os amigos políticos, ainda é mais necessária neste momento – já que atualmente, ACM Neto, é secretário-geral do União Brasil e, claro, busca, literalmente, apagar o “incêndio” do partido que ajudou a criar com a fusão do DEM e PSL. A briga interna da ala é por diversas razões: fusão, traições, disputa entre legisladores, intrigas e, também, segundo bastidores, a busca pelo controle do fundo partidário.
Neste ano, o partido terá direito a R$ 517 milhões. O União Brasil tem atualmente 59 deputados federais, terceira maior bancada da Câmara. O partido tem sete senadores e também controla três ministérios.
Artigo publicado na íntegra no Jornal Tribuna da Bahia.
*Fernanda Dourado é apresentadora e repórter da TV Alba da Assembleia Legislativa da Bahia; Editora-Chefe do site Bahia Repórter e consultora política. Escreve neste espaço às quartas-feiras.