A sete meses da eleição, a cidade de Irecê, no centro-oeste baiano, já está, literalmente, “pegando fogo”, não por conta apenas da sensação térmica, mas, claro, pelo embate político que eleva ainda mais a temperatura da 14ª cidade mais populosa da Bahia. De um lado, o atual prefeito da cidade, Elmo Vaz, do PSB, que tentará fazer seu sucessor. De outro lado, o ex-prefeito e ex-deputado estadual, Luizinho Sobral, nome forte da oposição que tem os seus votos fiéis e cativos no município. E ainda há uma terceira via, proveniente dos dissidentes da ala governista, que tem crescido e causado alvoroço no município. Elmo, que está em seu segundo mandato, já escolheu seu candidato, Murilo do Asa Sul. Contudo, o nome e a forma individual da escolha não foram bem aceitos pelo grupo político dele, inclusive, segundo informações de bastidores e, também, queixas públicas de aliados, o gestor não ouviu, sequer, os apoiadores de primeira hora para tomar a decisão.
A decisão isolada de Elmo causou um racha e uniu um grupo de ex-apoiadores do prefeito.
Quando entrevistei os integrantes insatisfeitos no restaurante da Assembleia Legislativa, intitulei o grupo de G5. O título pegou. Na ocasião, todos estavam indignados com Elmo, inclusive, o vereador , Tertinho, que hoje é o candidato a vice na chapa que disputará o pleito em outubro de 2024. Eles alegavam que todos do grupo tinham qualificação para ser o candidato de Elmo, mas foram preteridos por um jovem político, sem experiência.
Um outro integrante do grupo, o vereador Figueredo surgiu como a terceira via nas eleições. Mas ainda não definiu se sairá ou não candidato a prefeito. Este cresceu no município, mas, segundo informações de bastidores, tenta uma ala governista para disputar a eleição. Além de Figueiredo (PSB), o agora G4 é formado por ex-aliados de Elmo: o vice-prefeito de Irecê, Erício Batista (PT) e o ex-secretário de educação, Osvaldo (PV).
Outro fato que movimenta os bastidores políticos, em Brasília, é a antecipação de Elmo à disputa por uma vaga na Câmara Federal. Mas por quê? Explico. Antecipar muito a largada pode prejudicar na chegada. Diversos legisladores federais são votados no município de Irecê, e, também, na microrregião, e, obviamente, não terão interesse em abrir espaço para Elmo ocupar suas bases eleitorais.
Irecê, conhecida como capital do feijão, é uma potência da Bahia e, que, inclusive, cresceu de forma orgânica com o trabalho muito duro da população ireceense e de pessoas que investiram no município. O comércio, a agropecuária e a irrigação movimentam Irecê e toda a microrregião que concentra 20 municípios com aproximadamente 450 mil habitantes.
A cidade detém aproximadamente R$ 1 bilhão e 407,8 milhões de reais do Produto Interno Bruto (PIB) da região, o que equivale a uma parcela significativa de 31,11% do total. Esses números destacam a relevância econômica e o impacto considerável que Irecê exerce na economia regional, estadual e nacional.
Por isso, governar um município como Irecê é um desafio e, claro, ao mesmo tempo uma honra – já que a expectativa é que a cidade cresça ainda mais com investimentos estaduais, federais e o trabalho árduo da população.
*Fernanda Dourado é apresentadora e repórter da TV ALBA – Assembleia Legislativa da Bahia; Editora-Chefe do site Bahia Repórter. A especialista, também, é consultora política. Escreve neste espaço às quartas-feiras; Instagram e TikTok: @fernandadouradoreporter