Com o término do Carnaval nesta  quarta-feira de cinzas (14), a movimentação política entra a todo vapor em Salvador. A articulação e tratativas políticas agora, sem dúvida, irão acelerar. Todos em busca de uma costura bem-sucedida a menos de oito meses da eleição.

Tanto o prefeito de Salvador, Bruno Reis, do União Brasil, quanto o vice-governador, Geraldo Júnior, do MDB, tentarão atrair não apenas políticos de diferentes partidos como expoentes da sociedade civil, empresários, acadêmicos e artistas, dentre outros.

Durante o carnaval, o prefeito Bruno Reis, que é candidato à reeleição, sem dúvida alguma, soube usar, como nunca, toda a sua popularidade e o cargo que ocupa a seu favor na imprensa, nas redes sociais e, também, na avenida.

A maior festa de rua do planeta, obviamente, não é termômetro político, já que atrai pessoas de todo o mundo, mas claro que é uma verdadeira vitrine, principalmente, para o prefeito da cidade, Bruno Reis, que lutará pelo seu segundo mandato consecutivo em 2024. Bruno é o franco favorito. Não há como negar.

Em 2020, o prefeito, também, tinha o favoritismo, mas lembrava a todo momento que é preciso ter pés no chão e sempre repetia, nas entrevistas, que a eleição não estava ganha. Dessa forma, impulsionava seus eleitores, políticos e aliados a buscarem ainda mais votos. Contudo, a virada recente que o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, do PT, deu quando o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, liderava as pesquisas serviu, mais uma vez, de alerta à direita.

Apesar do PT nunca ter feito um prefeito em Salvador, a direita, provavelmente, não irá vacilar e, claro, enfrentará com tudo o candidato do governo e ex-aliado, Geraldo Júnior.
Bruno é o político de confiança de ACM Neto – que após perder a eleição para Jerônimo tem aparecido timidamente. Mas vale lembrar que em 2022, no primeiro turno a direita – que tinha certeza da eleição de Neto, cochilou em Salvador.

Nas ruas da capital baiana, visitei diversos colégios eleitorais e o PT, que tem uma forte  militância, estava muito mais nas ruas que os eleitores e aliados de Bruno. Já no segundo turno, após perder por quase 60 mil votos na Bahia, ACM Neto acordou e colocou os eleitores dele na rua em Salvador, principal colégio eleitoral dele. Mas já era tarde. Perdeu a eleição para Jerônimo.

Obviamente, Bruno Reis e ACM não darão trégua nesta eleição – já que caso Bruno perca, ACM Neto perde, também, o capital político-eleitoral em Salvador – que é o terceiro maior colégio eleitoral do Brasil. Mas Bruno Reis e Geraldo Júnior (MDB) conseguirão polarizar? Eis a questão.

Bruno Reis, provavelmente, fará como fez ACM Neto, ou seja, não tomará partido na questão federal e, claro, não irá atacar o presidente Lula, já que o Lula tem uma votação expressiva na capital baiana com mais de 70% dos votos. Se ele irá bater de frente com o governador Jerônimo, também não sei. Mas, certamente, lembrará ao seu principal oposicionista Geraldo Júnior o tempo que ele ficou ao lado da direita, mais de 20 anos. Em tempo de internet e vídeos que viralizam, segundo os bastidores políticos, a direita já tem munição para atacar o vice-governador com vídeos onde elogiava a gestão de ACM Neto e Bruno Reis.

Certamente, a política não será polarizada – já que ambos já estiveram do mesmo lado. Além da saída de Geraldo da direita ter sido recente, os petistas mais ferrenhos não entrarão com afinco na campanha. Apesar disso, o favoritismo de Bruno não dará a ele garantia de reeleição. Contudo, o deixará mais tranquilo. Entretanto, como sempre digo: Política não é ciência exata, não é matemática. Tudo é incerto! E Vale lembrar que o Poder é como um cachorrinho no colo – que pode pular a qualquer instante dos braços de seu dono.

*Fernanda Dourado é apresentadora e repórter da Assembleia Legislativa da Bahia; Editora-Chefe do site Bahia Repórter. Escreve neste espaço às quartas-feiras.