O vice-governador da Bahia e presidente estadual do PP, João Leão, é o quarto político  entrevistado pela série “Políticos Brasileiros” do Bahia Repórter. O progressista – que tem 75 anos  – é destaque no cenário estadual – não apenas por ocupar a segunda mais importante cadeira do estado, mas, também por ter posições firmes e presidir o partido com maior número de prefeitos da Bahia. Dos 417 municípios baianos, 110 são comandado pelo PP – legenda que faz parte do tripé composto pelo PP, PSD e PT. A  entrevista foi concedida à jornalista e editora-chefe do Bahia Repórter Fernanda Dourado, na Seplan (Secretaria de Planejamento do estado) – pasta a qual ele é o titular. Antes de iniciar o diálogo, Leão apresentou diversas ações que foram feitas por ele durante o seu mandato na secretaria, além de falar de propostas. Em seguida, a entrevista foi iniciada. Confira a íntegra da entrevista com o vice-governador da Bahia, João Leão. 

“A Bahia precisa deixar de ser vagão e passar ser a locomotiva”, João Leão

Bahia Repórter – O senhor tem defendido a sua própria candidatura à sucessão de Rui Costa (PT), em 2022. O senhor será candidato? 

João Leão – Não tem sentindo a Bahia não ser o estado mais importante do Brasil. Nós temos aí São Paulo – que tem a metade da área territorial do estado da Bahia, mas tem um desenvolvimento econômico excepcional. A Bahia tem o dobro da área territorial de São Paulo, também, tem muito mais riquezas naturais. Por isso, eu quero ser governador da Bahia para dar uma arrancada no estado. A Bahia precisa deixar de ser vagão e passar ser a locomotiva. O governador Rui Costa investiu muito na Bahia, mas precisamos alavancar o desenvolvimento econômico.

“O espaço de 9 meses é pouco! Eu pretendo ser governador por quatro anos. Se for nove meses e mais quatro anos”, João Leão

Bahia Repórter – Mas o senhor quer ser candidato ao governo ou quer ser governador por nove meses? 

João Leão – Eu não quero ser candidato! Quero ser governador. Um espaço de nove meses é muito curto. Ou seja, não dá para executar todos os planejamentos que tenho e nós precisamos dar uma alavancada no estado da Bahia. O espaço de 9 meses é pouco! Eu pretendo ser governador por quatro anos. Se for nove meses e mais quatro anos. 

“Vamos colocar esta opinião do senador Jaques Wagner na prática. Nós precisamos na próxima eleição colocar isso em prática. Dar oportunidade aos aliados”, diz João Leão ao comentar as declarações de Wagner em 2013 e 2018 – que nem sempre o PT precisa ser cabeça de chapa

Bahia Repórter – Desde 2013, o senador Jaques Wagner, na época governador, declarou que nem sempre o PT precisa ser cabeça de chapa e chegou a declarar a possibilidade de abrir mão da cabeça de chapa na eleição presidencial de 2018, a fim de agregar os interesses dos partidos aliados e manter unido o grupo que vinha governando o país desde 2003. Em 2018, ele repetiu o mesmo pensamento. Qual a opinião do senhor a respeito? 

João Leao – Vamos colocar esta opinião do senador Jaques Wagner na prática. Nós precisamos na próxima eleição colocar isso em prática. Dar oportunidade aos aliados. A Bahia, eu digo sempre, representa um teodolito (aquele instrumento de topografia – que tem três pés. Os três pés do teodolito da Bahia são PP, PSD e PT). Então, o que eu quero? Que nos mantenhamos juntos!  Fizemos um trabalho maravilhoso de Wagner para cá e agora chegou a hora de caminharmos para uma grande arrancada de desenvolvimento econômico na Bahia. Sabe qual será meu primeiro ato quando for governador? 

Bahia Repórter – Qual? 

João Leão – Vou colocar um outdoor em São Paulo. Quem construiu São Paulo em grande parte foram os baianos. O outdoor será assim: “Baianos voltem para casa. A Bahia precisa de vocês”, assinado: Governo da Bahia. Você (Fernanda Dourado) é da região de Irecê. Quantas pessoas de lá foram embora para São Paulo? 

Bahia Repórter- Muitas …

João Leão- Nós somos um grande celeiro para o desenvolvimento. Vou buscar este povo de volta para fazer desenvolvimento do estado. 

“O PT já teve oito anos de Wagner e oito anos de Rui. Wagner é senador e tem mais quatro anos pela frente. Chegou agora a hora de dar oportunidade aos outros aliados”, João Leão

Bahia Repórter- O senhor tem conversado com representantes do tripé do PT, PSD e aliados do partido que o senhor representa – sobre lançar o seu nome ? 

João Leão– Conversas mil.  Mas não chegamos a nenhum denominador comum. O que precisamos? Chegar a um denominador comum. O PT já teve oito anos de Wagner e oito anos de Rui. Wagner é senador e tem mais quatro anos pela frente. Chegou agora a hora de dar oportunidade aos outros aliados.

Bahia Repórter – O senador Jaques Wagner enfatiza em seus discursos a união do grupo, inclusive, em um vídeo que tivemos acesso em uma inauguração de uma obra, o petista reafirma que o diferencial deste grupo é a união e o diálogo. Mas quando será definido qual será o candidato do grupo? 

João Leão –  Nesta mesma inauguração de obra – que foi a de Barra Xique-xique, Wagner falou essas palavras e eu repeti as palavras dele. Precisamos realmente ter a unidade do grupo. Meu sonho é ter a unidade. O nosso grupo unido. venha quem vier, a gente derruba na eleição – já demonstramos isso. Quando eu fui candidato a vice-governador com Rui Costa, Paulo Souto tinha 46% das intenções dos votos e Rui tinha 2%. Eu disse que Rui ganharia em primeiro turno. Até uns jornalistas presentes achavam que eu estava maluco! E Rui ganhou.

“Se amanhã a caneta passar para João Leão, este grupo todo vem e o pêndulo caminha”, João Leão

Bahia Repórter – O senhor fala sempre no tripé. Hoje o senhor já falou novamente aqui na entrevista. O que poderia dissolver este tripé? 

João Leão- O tripé são os três partidos. E o teodolito com o pêndulo – representa partido menores. Este pêndulo é o que nos dá este equilíbrio perfeito – neste grande jogo dos três pés. O que nos queremos? Que o tripé permaneça com o pêndulo (PCdoB, PSB, Podemos) .. e os outros diversos partidos. É muito fácil.. O PT hoje tem a junção do governo e é dono da caneta. Se amanhã a caneta passar para João Leão, este grupo todo vem e o pêndulo caminha. Nós precisamos governar e para governar precisamos ter a junção. Por que Rui Costa tem aprovação de 75% e outra pesquisa 67%? Por que estamos em uma junção  política muito bem avaliada. 

“Enquanto o prefeito de Salvador faz lançamento de candidatura. Nós inauguramos obra. É uma diferença muito grande”, João Leão

Bahia Repórter – O prefeito de Salvador lançou a candidatura recentemente . O senhor disse que o lançamento foi precoce. Por que ? 

João Leão– Enquanto o prefeito de Salvador faz lançamento de candidatura. Nós inauguramos obra. É uma diferença muito grande. Não está na hora ainda na minha ótica. Deveremos decidir em março. 

Bahia Reporter – Em Salvador, o PT demorou bastante para lançar um nome para disputar a prefeitura de Salvador. Na época, entrevistei o deputado federal Marcelo Nilo, ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo, e ele disse que a lentidão da escolha de um nome à disputa faria o governo perder de “WO”? Qual a opinião do senhor a respeito ? 

João Leão – Naquela época nós fomos buscar uma pessoa que nunca foi política . Apesar de ser uma pessoa maravilhosa da polícia militar. Porém agora, quem é que nós temos? Jaques Wagner, João Leão e Otto Alencar. Quem na Bahia não conhece esses três? É diferente! Tenho certeza que agora Marcelo Nilo não falará que vamos perder de WO. A junção deste grupo é a certeza da vitória.

“Chegou a hora do PP ter a sua candidatura ao governo da Bahia”

Bahia Repórter- Como o senhor assimilou a notícia dada em alguns veículos de imprensa – que o senhor estaria se aproximando de ACM Neto e até faria parte da chapa majoritária do democrata. 

João Leão – Na ponte da Barra, eu cantei uma música… “quem eu quero não me quer.. quem me não me quer mandei embora”. É uma junção política! Eu quero quem me quer! Isso é uma questão política! Chegou a hora do PP ter a sua candidatura ao governo da Bahia. 

Bahia Repórter- O senhor acha que há um desgaste natural do PT por ter governador por 16 anos? 

João Leão– Não vejo isso! O PT fez um grande trabalho na Bahia. Agora precisamos acelerar o processo. 

Bahia Repórter – Acompanhamos de perto, a indecisão de Bolsonaro sobre qual partido iria ser filiar. Bolsonaro paquerava, namorava e casou agora com o PL. Qual o sentimento o senhor teve quando Bolsonaro se filou ao PL? 

João Leão– Eu sou vice-presidente nacional do PP e temos o presidente nacional Ciro Nogueira – que é o ministro da Casa Civil de Bolsonaro. E o segundo nome do partido é João Leão. O PP na Bahia é totalmente independente. Nos poderemos definir para onde queremos ir! Óbvio que a decisão não é só minha! Tenho 4 deputados federais, 10 deputados estaduais. Tenho 110 prefeitos e mais de 900 vereadores. A definição é do grupo! Temos no grupo quem não apoia o PT de maneira nenhum, mas sempre estamos conversando. Tem também quem não apoia ACM Neto. O PT é um partido de centro. O que nos queremos? Nós queremos política de centro na Bahia. Nem radical de direita, bem radical de esquerda. Nos temos uma grande parceiro com o PT. 

Bahia Repórter- Se ventila que Artur Lira, presidente da Câmara, do PP, poderia ser o vice de Bolsonaro. Qual a opinião do senhor a respeito disso! Poderia reverberar na Bahia? 

João Leão – Já me consultaram se eu queria ser vice de Bolsonaro e, também, consultaram se o deputado federal, Cacá Leão, se ele queria ser vice. O PP tem quadros bons. Não temos interesse tanto que não cresceu este tipo de notícia. Nós estamos concentrados no crescimento da Bahia. O interior nunca cresceu tanto! 

“A Bahia cresce na geração de empregos, geração de renda e o povo da Bahia melhora com a qualidade de renda”, João Leão

Bahia Repórter – Qual o balanço que o senhor faz da secretaria?

João Leão – Altamente positivo. Os índices de crescimento do estado da Bahia estão casa vez maiores. A Bahia cresce na geração de empregos, geração de renda e o povo da Bahia melhora com a qualidade de renda.

Bahia Repórter – O senhor já foi procurado pelo ex-prefeito de Salvador e candidato ao governo ACM Neto?

João Leão- Eles sonham com a possibilidade de um namoro e para ter namoro depois tem que ter casamento. Nunca conversei com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, sobre política. Somos amigos e trato ele muito bem como trato também Bruno Reis, prefeito de Salvador.