O tucano histórico Tião Farias, ex-presidente do diretório municipal do PSDB em São Paulo, afirma que o nome da deputada federal Joice Hasselmann não consta entre as fichas de filiados da legenda.
A parlamentar, que se elegeu em 2018 pelo PSL, anunciou sua filiação ao PSDB em evento no início deste mês, ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo Farias, no entanto, o ato foi apenas simbólico.
“Aquele ato não existiu. Não houve filiação”, afirma o tucano histórico, que diz ter descoberto o caso ao tentar apresentar um pedido de impugnação de filiação da deputada. “Eu queria saber qual a zona eleitoral dela. Ninguém me informava”, segue.
Um dos fundadores do partido, Tião Farias é ex-secretário de Mario Covas (1930-2001) e ex-vereador de São Paulo. Ele foi o principal expoente do “covismo” entre os tucanos.
Um dirigente do PSDB no estado de São Paulo confirmou à coluna a inexistência de ficha de filiação de Joice. Procurados, o diretório do partido e a deputada não responderam até a publicação deste texto.
A hipótese aventada é a de que Hasselmann aguarda a oficilização, pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), da fusão do DEM e do PSL —assim, ela poderia deixar o partido sem correr o risco de perder seu mandato.
A expectativa é que o novo partido, que será chamado de União Brasil, seja oficializado pela Justiça até fevereiro.
Como mostrou o Painel, a direção do PSL já se movimenta para pedir o mandato de Joice Hasselmann na Justiça. O presidente do partido, Luciano Bivar, chegou a chamar sua filiação de “fake”.
“A filiação dela aconteceu sem o desligamento devido do partido. Não houve uma expulsão, não houve uma desfiliação, não houve nenhum movimento neste sentido. É natural que o partido [peça o mandato], assim como outros tantos que efetuarem esse mesmo movimento serão vítimas de um processo de perda de mandado”, afirmou o vice-presidente do PSL, deputado Junior Bozzella (SP), ao Painel na ocasião.
Questionado sobre a atual filiação partidária de Joice, o TSE diz que limita a divulgação desses dados a períodos específicos, em atendimento à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Dessa forma, a lista como era publicada antes, com dados gerais sobre os filiados, não está mais disponível”, afirma a corte.
Ex-bolsonarista, Joice Hasselmann teve mais de 1 milhão de votos em 2018 e foi a segunda deputada federal de São Paulo mais votada, atrás apenas de Eduardo Bolsonaro (PSL).Mônica Bergamo/Folhapress