Durante seu discurso antes da primeira reunião ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez acenos e mandou recados de como deseja conduzir seu terceiro governo. A relação que chefe do Executivo pretende estabelecer junto ao Congresso, o discurso dúbio na relação com os ministros, o aceno ao agronegócio e a proposta de voltar a investir em áreas como educação, saúde e cultura foram os destaques da fala inicial.
Lula deixou claro que não tem vergonha de ter escolhido parte de sua equipe com acordos políticos. Ele pontuou também que a orientação para seus ministros é de que mantenham suas portas abertas para membros do Congresso, ressaltando que os ministros “têm a obrigação de manter a mais harmônica relação” com o demais poderes.
— Muitos de vocês são resultado de acordos políticos, porque não adianta a gente ter o governo tecnicamente formado em Harvard e não ter o voto na Câmara dos Deputados e não ter o voto do Senado — disse, complementando: — Nós temos que saber que nós é que precisamos ter uma boa relação o Congresso e cada um de vocês, ministros, tem a obrigação de manter a mais harmônica relação com o Congresso Nacional. Não tem importância que você divirja de um deputado ou senador, quando a gente vai conversar, você não está propondo casamento, mas a gente está propondo aprovar um projeto ou fazer uma aliança momentânea em torno de um assunto que interessa ao povo brasileiro. É preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda. Nós não mandamos no Congresso, nós dependemos do Congresso e, por isso, cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado ou senador que o buscar porque se não quando a gente vai pedir um voto, ele diz: “Ah, não vou votar porque quando estive no tal ministério nem me receberam, deram chá de cadeira de quatro horas, o ministro nem serviu cafezinho ou uma água”. Não quero isso — avisou.