(Por Fernanda Dourado)
A candidatura única para disputar a prefeitura de Salvador, em 2024, é, sem dúvida, o desejo do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, do PT. No entanto, não há consenso em torno de nenhum nome da base governista, a menos de um ano à eleição. Obviamente, discussões no Conselho Político já ocorreram, mas nenhum partido da base aliada quer ceder a cabeça de chapa. Até porque, ser cabeça de chapa em uma disputada na capital baiana é consolidar uma base na primeira capital do país além, claro, de uma visibilidade política absurda pelo tempo de televisão que terá a coligação, pelo investimento em uma campanha eleitoral e, também, em ter o nome associado ao do presidente da república, Lula. O capital político, evidentemente, eleva.
Nos bastidores do Poder, alguns legisladores ( não apenas do PT) dão como certo que o Partido dos Trabalhadores não abrirá mão, de forma alguma, da candidatura por conta do histórico do partido e, também, por que o PT quer manter os quatros vereadores na Câmara Municipal e, claro, deixar sua base solidificada em Salvador. Petistas ainda alegam que o PT tem a maior base política em Salvador e ainda tem o bônus de ter os deputados estaduais e federais mais votados da capital. Mas será que o PT abrirá mão da cabeça de chapa em 2024? Apenas duas vezes desde a redemocratização a ala deixou de apresentar candidatura própria.
O presidente do Partido dos Trabalhadores na Bahia, Éden Valadares, já declarou, diversas vezes, que a candidatura do deputado estadual, Robinson Almeida, pré-candidato do PT à prefeitura de Salvador, é a melhor possibilidade de unificar o grupo do presidente Lula e do governador da Bahia, Jerônimo em Salvador.
O líder do governo no Senado e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, do PT,
declarou que “o meu primeiro candidato é Robinson, é o candidato do meu partido, é o meu candidato”. Mas quando Wagner usa “primeiro” ele deixa claro que há outras opções na base. O ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, que é conhecido, nacionalmente, pelo seu poder de persuasão nato, habilidade e traquejo político conseguiu acalmar os ânimos da base após a declaração. Contudo, o petista já repetiu, algumas vezes, que “nem sempre o PT deve ser a cabeça de chapa”. Outros petistas, também defendem esta tese nacionalmente. Quem comunga da mesma posição é o Ministro da Economia, Fernando Haddad. Quando o entrevistei durante à pandemia, em uma live no meu instagram pessoal, o questionei a respeito da declaração de Wagner e, Hadaad foi incisivo e enfático. “Não só Jaques Wagner defende esta posição, eu também”; afiançou Haddad na época.
Mas de quem será a palavra final na decisão? Obviamente, a definição está nas mãos do governador Jerônimo Rodrigues, do PT, mas a concretização ainda parece estar longe do fim. A data, que chegou a ser anunciada pelo governador petista como o dia do anúncio do candidato único da base foi adiada, diversas vezes. E parece que não sairá antes da festa natalina. Diferentemente do ex-governador e atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, que deixou a base lançar 4 candidaturas em 2020, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) insiste em ter apenas uma candidatura de sua base aliada para as eleições de 2024 em Salvador.
Ora, dito isso, o cenário que se apresenta é de total indefinição. A base do governador é formada por MDB, PCdoB, PV, PSB, PSD e Avante. A base cobra, até pela imprensa, uma definição, alegando que é necessário tempo para consolidar uma candidatura única, mas a definição ainda não veio. Enquanto o nome não vem, as especulações nos bastidores são diversas.
Atualmente, há três pré-candidaturas: a do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e as dos deputados estaduais Robinson Almeida (PT) e Olívia Santana (PCdoB). As negociações, claro, continuam, mas há, sim, impasses e rachaduras que precisam ser evitadas, pensando em 2026. Artigo publicado no jornal da Tribuna da Bahia na página 2.
* Fernanda DouradoApresentadora e repórter da Assembleia Legislativa da Bahia; Editora-Chefe do site Bahia Repórter