(Por Fernanda Dourado )
A disputa pela prefeitura de Salvador será, sem dúvida, uma das mais acaloradas dos últimos tempos. Apesar do prefeito, Bruno Reis, do União Brasil, ter o favoritismo ao seu favor, o vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior, MDB, animou o grupo governista, por conta da pontuação que o pré-candidato alcançou na última pesquisa. No último levantamento, há seis dias, da Paraná Pesquisa, Bruno Reis obteve 62,7% das intenções de votos e venceria no primeiro turno, se o pleito fosse hoje. Já o atual vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior (MDB) chegou a 12,1% das intenções de votos.
Apesar do número ainda ser tímido, a pontuação de Geraldo foi bem maior que a dos antigos postulantes da oposição municipal em pleitos passados nesta mesma época. E o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, já anda comemorando. Mas isso é garantia que o vice-governador irá virar o jogo eleitoral na primeira capital do Brasil? Claro que não. Em política, nada é garantido. Porém, obviamente, as pesquisas que desempenham papel importante na decisão do eleitor, animaram o grupo político e, principalmente, a militância. E, caso o PT realmente entre com afinco na eleição há, sim, uma grande possibilidade de tornar uma eleição competitiva.
O candidato da oposição, evidentemente, irá crescer – já que está pontuando (melhor que os outros) antes mesmo do início da campanha eleitoral e, também, do horário eleitoral televisivo. Contudo, não há como prever se conseguirá levar a disputa ao segundo turno ou ganhar as eleições, na primeira capital do Brasil.
Nos bastidores, os políticos relatam que o principal objetivo é levar a disputa para o segundo turno. Mas por quê? Explico! O presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva, já declarou quando esteve em Salvador que prega cautela em sua participação na eleição de Salvador: “Não vou me jogar para criar conflito”. Esta afirmação do presidente é, claro, para evitar criar problemas com aliados no Congresso Nacional – já que tanto o MDB, quanto o União Brasil estão na base de sustentação de Lula.
Mas em um possível segundo turno, obviamente, a força petista baiana tentará convencer o presidente a entrar na disputa – já que em Salvador obteve 1.089.899 votos, o que corresponde a 70,73% dos votos válidos.
A oposição irá com tudo para conseguir levar a eleição para o segundo turno. A última vez que a capital baiana teve o segundo turno foi em 2012 com ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, e Nelson Pelegrino, conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM-BA). Na época, no primeiro turno a disputa foi super acirrada. ACM Neto alcançou 518.941 (40,17% dos votos válidos) e Nelson Pelegrino recebeu 513.163 votos (39,72%). Já no segundo turno, ACM Neto foi eleito prefeito com mais de 94 mil votos de frente de Pelegrino.
Neste período, Salvador passou a ser a maior capital do país governada pelo DEM. Em 2016, ACM Neto foi reeleito. Já em 2020, Bruno Reis, que na época era o vice de ACM Neto, foi eleito prefeito no 1º turno em Salvador. Em 2024, a disputa promete acirrar por diversos motivos, dentre eles, Geraldo Júnior é antigo aliado de quase 20 anos do prefeito Bruno Reis. A expectativa é muito grande para o embate entre Bruno Reis e Geraldo Júnior – já que além de ser ex-amigo do gestor, também obteve uma ascensão meteórica após abandonar o antigo grupo e entrar em um novo projeto político – que era, inclusive, desacreditado até por governistas.
Como será o enfrentamento entre Bruno e Geraldo? Não sabemos. Mas esperamos que não seja da mesma forma que foi o embate entre ACM Neto e João Roma, ex-amigos de 20 anos que se enfrentaram nas eleições para o governo do estado no ano passado, mas que acabaram se perdendo no debate televisivo – já que ao invés de discutir projetos, trocaram ofensas pessoais durante o debate da TV Bahia.
Artigo publicado na página 2 da Tribuna da Bahia.
*Fernanda Dourado é apresentadora e repórter da Assembleia Legislativa da Bahia; Editora-Chefe do site Bahia Repórter. Escreve neste espaço às quartas-feiras.